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Capital

Fila de espera é longa e desde 2022 morador aguarda remoção de árvore na Capital

Prefeitura admite demanda reprimida, mas diz que próprio morador pode podar ou remover se tiver autorização

Por Cassia Modena | 26/01/2024 13:55
Árvores aguardam remoção na Mata do Jacinto (Foto: Henrique Kawaminami)
Árvores aguardam remoção na Mata do Jacinto (Foto: Henrique Kawaminami)

Duas sibipirunas fazem sombra e derramam um lindo tapete amarelo no asfalto ao fim de cada primavera na Travessa Aracy Alvellos Eudociak, que fica no Bairro Mata do Jacinto, em Campo Grande. Por outro lado, causam medo a cada tempestade.

O chaveiro Benjamim Rodrigues mora na casa onde essa árvore foi plantada. Ele diz compartilhar o temor com os vizinhos. A sibipiruna é antiga, enorme e balança bastante a cada vento forte.

Além disso, a árvore quebrou a calçada e provocou rachaduras no muro. Fora outra queixa entre os moradores das proximidades. "Reclamam que faz muita sujeira e entope as calhas", conta.

Muro da casa do vizinho apresenta rachadura (Foto: Henrique Kawaminami)
Muro da casa do vizinho apresenta rachadura (Foto: Henrique Kawaminami)

Falta de pedir à prefeitura autorizar e providenciar a remoção não foi. Segundo Benjamim, o proprietário da residência oficializou inúmeros pedidos. "Tem um caderno com um catatau de fotos, protocolos e documentos de muitos anos. São uns 15 centímetros de folha. É besteira, foi tudo inútil", reclama.

Autorizada desde 2022 - O historiador Sérgio Onça, morador do Jardim São Lourenço, diz ser "fã de planta" e não gosta da ideia de ver árvores como inimigas na cidade. No entanto, afirma passar por "via sacra" enquanto pede também, há anos, a remoção de cinco figueiras plantadas em um terreno que fica em frente a sua casa, na Rua Itajaí.

Uma delas, inclusive, está com o tronco seco. "Aqui na vizinhança se fala que ressecou após a queda de raio", relata. "E se cair em frente a um carro, com alguém dentro? Ou se cair e atingir o muro de alguma casa? É uma tragédia anunciada", diz o morador.

Sérgio mostra como está seco o tronco de figueira (Foto: Henrique Kawaminami)
Sérgio mostra como está seco o tronco de figueira (Foto: Henrique Kawaminami)

O que tem causado indignação é a remoção das figueiras estar autorizada por parecer técnico emitido em 2022. Sérgio tem protocolado mais pedidos, levando em conta a urgência da medida. Até agora, nada.

Outra reclamação do historiador é que a figueira tem raízes profundas e "violentas", que atravessaram a rua e provocaram o desnivelamento da calçada. "O portão eletrônico da minha casa e dos vizinhos vive dando problema e achamos que é por isso", acrescenta.

Um lava a jato funcionou no terreno com as árvores e, agora, é uma oficina. Sérgio não é o proprietário, mas tenta manter contato com quem é para saber de novidades a respeito da remoção. Não conseguiu falar com o responsável este ano.

Galhos também podem afetar fiação e comprometer fornecimento de energia (Foto: Henrique Kawaminami)
Galhos também podem afetar fiação e comprometer fornecimento de energia (Foto: Henrique Kawaminami)
Sérgio diz que adora plantas e defende o plantio de mais árvores, mas pede fiscalização quanto aos riscos que algumas oferecem (Foto: Henrique Kawaminami)
Sérgio diz que adora plantas e defende o plantio de mais árvores, mas pede fiscalização quanto aos riscos que algumas oferecem (Foto: Henrique Kawaminami)

O que diz a prefeitura - Pasta da Prefeitura de Campo Grande responsável por fiscalizar a arborização, a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) admite que há demanda reprimida nos pedidos de poda e remoção de árvores feitos por moradores.

À reportagem, a assessoria de imprensa da secretaria disse que "mesmo considerando a demanda reprimida quanto às execuções de remoção, a prefeitura tem realizado rotineiramente este serviço".

Sobre as figueiras da Rua Itajaí, a Semadur informou que estão previstas no cronograma de remoções da prefeitura. Quanto à sibipiruna da Travessa Aracy Alvellos Eudociak, o retorno não foi enviado até a publicação desta matéria.

Da autorização até a remoção - Árvores como a figueira e a sibipurina são protegidas por legislações, portanto, não podem ser removidas ou podadas sem que haja autorização da prefeitura. Do contrário, a pessoa poderá responder por crime ambiental.

Em Campo Grande, primeiro é feita uma avaliação pelos fiscais ambientais do município. O interessado precisa protocolar pedido pessoalmente no CAC (Central de Atendimento do Cidadão), apresentando cópia do documento pessoal (do proprietário do imóvel) e comprovante de residência. Será necessário preencher um requerimento disponível no local. Se não for proprietário, deverá apresentar ainda algum documento para comprovar que o dono do imóvel concorda com o pedido.

Arte: Bárbara Campiteli
Arte: Bárbara Campiteli

Após isso, uma equipe da Semadur é enviada ao endereço em até 90 dias. Quando há autorização, a poda ou remoção é inclusa no cronograma de serviços da prefeitura.

A assessoria de imprensa da secretaria também ressalta que o morador que tiver autorização pode providenciar ele mesmo o que foi permitido. O problema é que terá de pagar cerca de R$ 1.000 pelo serviço particular.

"Esclarecemos ao contribuinte que deseja realizar uma poda ou remoção com maior urgência e não podendo aguardar o serviço público que entre em contato com a Semadur, por meio da Gerência de Fiscalização de Arborização e Áreas Verdes, para que seja orientado pelos técnicos da pasta a como proceder na realização do serviço". Os números para entrar em contato e receber as orientações é o (67) 4042-1323, ramal 2744 ou 2743.

Se for em local público - No caso de árvores que têm risco de queda, a prefeitura pode ser acionada por ligação gratuita, discando 156, ou no aplicativo Fala CG.

Nesse caso, equipes vão até os canteiros públicos, parques e praças fazer a avaliação e o serviço, quando indicado, sem a necessidade de haver protocolo de pedido.

Temporais - A intensidade dos temporais têm assustado moradores de Campo Grande e também do interior de Mato Grosso do Sul.

No ano passado, a Capital teve dias de transtorno com árvores caindo em cima de carros e bloqueando vias, além de falta de energia e casas destelhadas. Os ventos que causaram estragos superaram os 70 km/h.

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