Forças de segurança monitoram guerra de facções em presídios de MS
Rebeliões nos presídios de Roraima e Rondônia resultaram em 18 presos mortos, no início desta semana, e deixaram o país inteiro em alerta. Resultado de uma guerra entre facções criminosas e que, segundo o governo de Mato Grosso do Sul, está sendo monitorada nas unidades penais do Estado.
Na segunda-feira (17), o secretário de Justiça e Cidadania de Roraima, Uziel Castro, disse que as mortes foram uma ordem do PCC (Primeiro Comando da Capital), grupo originário de São Paulo, que está em guerra contra o Comando Vermelho, do Rio de Janeiro.
Nesta terça-feira (19), o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), comentou sobre a eventual guerra entre as facções nos presídios do Estado. Segundo ele, as forças de segurança monitoram a situação.
De acordo com Reinaldo, a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) e o setor de inteligência da policia estão monitorando a situação para evitar confrontos. A afirmação do governador foi feita durante a abertura da Semana Nacional de Tecnologia, realizada na Sectei (Secretaria de Estado de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação).
A ação é preventiva, já que pelo que se sabe, as facções em guerra tem membros em todos os presídios do Brasil, houve um rompimento entre as duas e uma delas ordenou que ocorressem confrontos em presídios de todo o país.
No domingo (16) dez detentos morreram e seis ficaram feridos em confronto no maior presídio de Roraima, Penitenciária Agrícola de Monte Cristo. E, nesta segunda, oito presos morreram asfixiados na Penitenciária Estadual Ênio dos Santos Pinheiro, em Poto Velho, Rondônia.
De acordo com o secretário de Justiça e cidadania do Estado no norte, apesar das unidades estarem em alerta, foi uma 'surpresa' para direção da penitenciária o confronto entre os detentos de Roraima. "Existe uma tradição no mundo do crime de não ter rebelião em dia de visita, e ontem era um dia de visita", afirmou.
Guerra já começou - Em agosto, um preso foi decapitado, outro morto e pelo menos nove ficaram feridos numa rebelião que durou 16 horas na penitenciária de segurança máxima de Naviraí, a 366 km de Campo Grande. O motivo do motim teria sido um confronto entre duas facções.
O presídio foi parcialmente destruído. Todos os 570 presos foram retirados dos pavilhões pela tropa de choque da PM e levados para a parte externa. Nus, eles são vigiados por policiais armados e cães treinados.
Cerca de 50 líderes da rebelião serão foram transferidos para presídios de outras cidades sul-mato-grossenses.
Em setembro, na mesma cidade, o agente penitenciário Enderson Antônio Bogas Severi, 34 anos, sofreu um atentado, quando levava o filho para escola. O atentado seria parte de uma mobilização criminosa, chamada “salve geral”, para comemorar o aniversário do PCC (Primeiro Comando da Capital).
O Campo Grande News apurou que em Mato Grosso do Sul, além do ataque a um agente penitenciário, o “salve geral” inclui atentado contra policiais civis e policiais militares.
Na fronteira - Também no mês de agosto, um princípio de rebelião provocou tumulto e tensão no presídio de Tacumbú, em Assunção, capital do Paraguai. A penitenciária é a mais superlotada do país vizinho, com pelo menos 4.300 internos ocupando 2.100 vagas.
Entre os presos da unidade estavam os brasileiros Sergio Lima dos Santos, acusado de manusear a metralhadora usada para matar o narcotraficante Jorge Rafaat Toumani, e Jarvis Chimenes Pavão, que teria ordenado a execução para assumir o controle do crime em Pedro Juan Caballero e Ponta Porã.
De acordo com o governo paraguaio, o motim foi liderado por internos ligados ao PCC e a um grupo guerrilheiro chamado ACA (Agrupación Campesina Armada). A polícia do Paraguai afirma que o PCC se aliou a Jarvis Pavão para eliminar Rafaat e tomar conta do crime organizado na fronteira.
Paraíso do PCC - Em MS, o comando dos presídios parece ficar mesmo pro conta do PCC, talvez por isso não haja tantos conflitos. A força da liderança criminosa foi demonstrada durante festa de aniversário dos 23 anos da facção, realizada no dia 31 de agosto, na penitenciária de segurança Máxima de Campo Grande.
“Se mexer com nós, a bala come”, dizia a letra do funk que serviu de trilha sonora para a festa da facção, no presídio, conforme mostra reportagem publicada pelo Campo Grande News. A tradição e longevidade mostram exatamente a força da quadrilha, que movimenta mais de R$ 120 milhões por ano no Brasil.
É com festas, cerimônias, organograma e contabilidade avançada que uma das maiores facções do Brasil, o PCC (Primeiro Comando da Capital), tem conquistado seguidores por todo país. Não é diferente em Mato Grosso do Sul. Parece ironia, mas apesar dos “esforços de inteligência” do Poder Público para conter a facção, no Estado e no restante do país ela só tem crescido.
* Matéria editada às 11h20, para acréscimo de informações.