ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
DEZEMBRO, TERÇA  24    CAMPO GRANDE 24º

Capital

Funcionário humilhado diz que abusos eram frequentes e irá acionar a Justiça

Vídeo registrou uma gerente do mercado humilhando o vendedor enquanto ele limpava o chão de joelhos

Aletheya Alves | 29/10/2021 17:25
Pedro Henrique Monteiro da Silva, de 22 anos, explica sobre humilhação registrada em vídeo. (Foto: Paulo Francis)
Pedro Henrique Monteiro da Silva, de 22 anos, explica sobre humilhação registrada em vídeo. (Foto: Paulo Francis)

Se recuperando da repercussão causada por vídeo em que é humilhado por uma gerente no Carrefour, Pedro Henrique Monteiro da Silva, de 22 anos, relatou que os abusos morais sofridos no interior do supermercado eram recorrentes. Ao lado de seu advogado, ele também disse que irá acionar a Justiça contra a empresa.

Sobre a reincidência dos abusos, o vendedor explicou que entre julho e agosto ficou afastado pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) devido a ocorrências frequentes de humilhação e pressão psicológica. “Afastei por conta da pressão que ela [gerente] fazia na gente, não só em mim como em outros colaboradores que estão afastados até hoje”, disse.

Ainda de acordo com Pedro, as situações foram desde cobranças excessivas da gerente até acusação em outro setor de que ele teria simulado um pagamento. “Falaram que eu não paguei a fatura [do cartão], que nas câmaras, não viram que eu dei o dinheiro para a menina. Foi averiguado e eles me deram o comprovante de que eu tinha pago, o gerente até disse para eu aceitar o dinheiro, mas eu falei que não queria”.

Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Até hoje, ficou essa questão, ficou pesando. A gerente cobrando esforço excessivo, querendo que a gente fizesse mais limpeza do que vendas. Tem metas, cobranças, reuniões com palavras sem profissionalismo, disse Pedro.

Conforme relatado pelo vendedor, a própria empresa mandou que ele procurasse ajuda médica. “Marquei a consulta e na hora, a médica falou que eu tinha que me afastar, porque não tinha capacidade de voltar a trabalhar. Fiquei 46 dias afastado”, explicou.

Já a situação registrada em vídeo aconteceu após Pedro retornar da licença. “É muita informação que não consigo processar ainda. Eu só queria acordar desse pesadelo, porque é isso que tem parecido, um pesadelo”, disse.

Mostrando as mãos, ele relatou que além das marcas psicológicas, também existem as físicas. “Ela tinha me dado um produto químico para limpar, que me machucou. Agora já está cicatrizando”.

Vendedor mostra cicatrizes nas pontas dos dedos causadas por uso de produto químico. (Foto: Paulo Francis)
Vendedor mostra cicatrizes nas pontas dos dedos causadas por uso de produto químico. (Foto: Paulo Francis)

Situação judicial - Após o vídeo ser divulgado nas redes sociais durante a última segunda-feira (25), Pedro tentou retornar ao emprego no dia seguinte, mas não conseguiu. “No caminho, eu comecei a tremer, meu corpo não estava respondendo do jeito que eu queria. Fui ao médico e pedi ajuda, falei que eu queria conseguir dormir e desde então, estou tomando esse remédio para dormir”.

Por não estar bem, o vendedor explicou que está com atestado médico e ainda não sabe como irá proceder exatamente em relação ao emprego. Advogado responsável pelo caso de Pedro, Chrystian de Aragão Ferreira dos Santos explicou que o cliente irá acionar judicialmente o Carrefour.

Advogado de Pedro, Chrystian de Aragão Ferreira dos Santos no lado esquerdo. (Foto: Paulo Francis)
Advogado de Pedro, Chrystian de Aragão Ferreira dos Santos no lado esquerdo. (Foto: Paulo Francis)

Aragão relatou que ainda está verificando junto ao cliente qual linha irá seguir, por isso, não especificou quais acusações específicas serão abordadas.

Além do processo individual, o advogado destacou que instituições ligadas aos direitos trabalhistas também já estão em ação. Nesta terça-feira (26), o MPT-MS (Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso do Sul) instaurou investigação sobre o caso envolvendo a gerente do supermercado e Pedro.

O MPT informou que o procedimento será distribuído a um dos procuradores e, que além da investigação relacionada ao vídeo, há outra investigação envolvendo o Carrefour pela prática de assédio moral.

Posicionamento - Destacando que toda a repercussão tem sido complicada, Pedro relatou que até o momento, não recebeu um posicionamento com pedido de desculpas do Carrefour. “Eles entraram em contato comigo apenas para dizer que iam oferecer auxílio psicológico. Uma funcionária de São Paulo falou comigo, mas até o momento, não avançou", disse.

O Campo Grande Newsolicitou ao Carrefour uma nota informando se houve alguma nova medida em relação ao caso. Também questionamos sobre a recorrência de abuso moral relatado por Pedro, mas ainda não houve resposta.

Em uma nota anterior, a empresa divulgou que a gerente foi afastada para apuração dos fatos e que o Carrefour repudia comportamentos indevidos causados por seus funcionários.

Contexto complexo -  Nervoso ao explicar sobre todo o contexto, Pedro relembrou que sua família também tem sido afetada. De acordo com o vendedor, seu salário era usado tanto para si mesmo quanto para os pais, que foram afetados durante o último temporal.

“Veio tudo isso de uma vez”, resumiu. Conforme explicado por Pedro, a vaquinha online criada para conseguir construir uma casa para os pais, que moram em um barraco no Loteamento Parque dos Sabiás, será totalmente destinada para os familiares.

Retomando o que já havia dito sobre o emprego, ele disse que o nervosismo tem se intensificado justamente por saber que não pode deixar de ajudar a família.

Vídeo - No vídeo gravado por uma cliente do Carrefour e postado em redes sociais em setembro, Pedro aparece limpando o chão de joelhos. Enquanto isso, a gerente tira uma foto e grava um áudio dizendo “olha aí, só para você esse cara tem valor. Esse menino não limpa a casa dele”.

Pedro explicou que a gerente havia pedido ajuda para limpar manchas de cola que estavam no chão, porque haveria uma visita da direção regional da empresa. “Eu tentei limpar, mas a cola não saía. Chamei a empresa terceirizada que cuida da limpeza e falaram que não tinha como tirar a mancha, porque precisaria de uma máquina que não estava disponível na hora”, relatou.

O vendedor explicou que a gerente seguiu insistindo para que ele continuasse tentando e, por isso, ele usou um produto químico sem nenhuma proteção para as mãos. Ele também relatou que não sabia que estava sendo filmado por uma cliente.

Confira o vídeo abaixo:


Nos siga no Google Notícias