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Capital

Fuzil que matou filho de PM pode ser o mesmo usado em outras 2 execuções

Os disparos das três execuções partiram de um fuzil AK

Kerolyn Araújo e Clayton Neves | 10/04/2019 10:38
Execução ocorreu por volta das 18h de ontem na Rua Antônio Vendas, no Jardim Bela Vista. (Foto: Paulo Francis)
Execução ocorreu por volta das 18h de ontem na Rua Antônio Vendas, no Jardim Bela Vista. (Foto: Paulo Francis)

A Polícia Civil vai investigar se o fuzil AK, que disparou os tiros que mataram o estudante de direito Matheus Coutinho Xavier, 20 anos, na noite de ontem (9) no Jardim Besta Vista, foi o mesmo utilizado nas execuções do subtenente Ilson Martins de Figueiredo, 62 anos e Orlando da Silva Fernandes, 41 anos, mortos nos dias 11 de junho e 26 do outubro do ano passado, respectivamente. Matheus era filho do capitão reformado da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, Paulo Roberto Teixeira Xavier.

Conforme o delegado Fábio Peró, do Garras (Delegacia Especializa de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestro), as cápsulas deflagradas nos três crimes são de calibre 7,62 x 39 mm. Agora, as cápsulas das execuções serão periciadas para saber se foram disparadas do mesmo fuzil. ''Vamos ver se os crimes foram praticados pela mesma arma ou se foi coincidência", disse.

Ao Campo Grande News, Peró ressaltou que trata-se de um crime de pistolagem e ainda será investigado se a morte tem ligação com o passado do pai, que foi preso em 2009 durante Operação Las Vegas, que investigava crimes de jogatina, com exploração de caça-níqueis em Mato Grosso do Sul, e ramificações na Bolívia.

Matheus foi morto enquanto manobrava o carro do pai. (Foto: Paulo Francis)
Matheus foi morto enquanto manobrava o carro do pai. (Foto: Paulo Francis)

''Não há dúvidas de que é crime de pistolagem por conta do armamento pesado que foi utilizado, além de não ter sido anunciado assalto e nada foi levado", explicou.

Imagens de câmeras de segurança da região foram recolhidas e estão sendo analisadas. Na casa da vítima há circuito de monitoramento, mas ele estava desligado há três dias. Ainda segundo o delegado, Paulo estava bastante abalado e não conseguiu dar nenhuma pista à polícia que pudesse levar aos suspeitos.

O caso será investigado pela DEH (Delegacia de Homicídios).

Execuções - Por volta das 6h do dia 11 de junho do ano passado, o subtenente Ilson Martins de Figueiredo, 62 anos, então chefe da segurança da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, foi morto a tiros na Avenida Guaicurus. A caminhonete onde estava foi atingida por pelo menos 45 tiros de fuzil.

Pouco mais de quatro meses depois, Orlando da Silva Fernandes, 41 anos, foi executado com tiros de fuzil AK ao deixar uma barbearia na Rua Amazonas, no Jardim Autonomista. Ele era ex-segurança do narcotraficante Jorge Rafaat, morto em junho de 2016 no Paraguai.

Delegado mostrou que cápsula usada em crimes é de calibre 7,62 x 39 mm. (Foto: Clayton Neves)
Delegado mostrou que cápsula usada em crimes é de calibre 7,62 x 39 mm. (Foto: Clayton Neves)

Força tarefa - Quatro execuções registradas em apenas 5 meses em Campo Grande fizeram a Polícia Civil criar em novembro do ano passado uma força-tarefa para investigar os crimes de pistolagem. Os quatro assassinatos foram no meio da rua, com arma de grosso calibre. Em três dos casos, os carros usados nas ações foram incendiados.

Cinco meses após a criação do grupo, ainda nenhum dos crimes foi solucionado. Segundo Peró, as investigações estão lentas porque a polícia depende da Justiça.

''As investigações dependem de quebra de sigilo telefônico e essas decisões da Justiça demoram. E depois que conseguimos a permissão, o retorno dos dados que vem das operados é lento. São casos delicados com soluções que não são tão rápidas", explicou.

Integram a força-tarefa equipes da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios), Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) e Deco (Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado).

O atentado - Matheus foi atingido por 7 tiros de fuzil em frente à residência onde morava com a família, na Rua Antônio da Silva Vendas. Ele foi levado para a Santa Casa pelo pai, mas chegou morto ao hospital.

Conforme apurado no local, Mateus retirava a camionete S-10 da garagem da residência, quando dois suspeitos em um veículo ainda não identificado chegaram. Um pistoleiro desceu atirando e o outro ficou no volante. A ação durou minutos e a dupla fugiu.

A camionete era do pai, o filho estava somente retirando a camionete para poder tirar o seu veículo que estava estacionado a frente. Então, pode ser que tenha ocorrido um engano na execução”, explicou Peró na noite de ontem.

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