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Capital

Greve dos médicos chega ao 9º dia e calvário por atendimento continua

Michel Faustino e Renata Volpe Haddad | 23/05/2015 18:00
Com apenas 30% dos médicos atendendo, pacientes sofrem com longas esperas. (Foto: Marcelo Calazans)
Com apenas 30% dos médicos atendendo, pacientes sofrem com longas esperas. (Foto: Marcelo Calazans)

A greve dos médicos da rede municipal de Campo Grande chegou neste sábado (23) ao 8º dia e sem previsão para acabar, mesmo a categoria correndo risco de pagar multa diária de R$ 30 mil. Com isso, somente 30% dos profissionais estão atendendo e por consequência os pacientes que buscam auxílio médico continuam esperando por até cinco horas.

É o caso da dona de casa Márcia Gomes Piason, de 37 anos. Ela conta que está há mais de quatro horas esperando atendimento para a mãe na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Universitário. Segundo ela, a mãe chegou passando mal, com muita febre, mas a informação é de que ela só seria atendida no começo da noite.

“Isto que está acontecendo é um absurdo. Tem um monte gente esperando faz tempo aqui e ninguém faz nada. Tá todo mundo passando mal, ninguém está aqui porque quer. É muito complicado a gente passar por esta situação”, lamentou.

Maria diz que já está há mais de quatro horas esperando por atendimento para a mãe. (Foto: Marcelo Calazans)
Maria diz que já está há mais de quatro horas esperando por atendimento para a mãe. (Foto: Marcelo Calazans)
Com filho queimando de febre, Elisângela lamenta demora e reclama de descaso. (Foto: Marcelo Calazans)
Com filho queimando de febre, Elisângela lamenta demora e reclama de descaso. (Foto: Marcelo Calazans)

Já a diarista Elisangela Godoy da Silva, 39 anos, foi buscar atendimento para o filho, de 14 anos, que segundo ela, estava “ardendo em febre”.

“Ele está com 38 graus de febre por conta de uma catapora e o pior de tudo é que estamos aqui desde o meio-dia, e já são 17h, agora imagino. Eu vou precisar ficar porque ele precisa de um atestado. Ele está desde terça-feira sem ir na escola por conta disso, e precisamos justificar”, diz a diarista relatando que o outro filho, que também está doente, não aguentou a espera e foi embora para casa.

Sem acordo – Segundo o presidente do Sinmed-MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), Valdir Shigueiro Siroma, todas os “esforços” feitos até agora para tentar acabar com o impasse realizadas até agora fracassaram.

Segundo ele, nesta sexta-feira (22) uma nova reunião entre sindicato, Sesau e PGM foi realizada, no entanto, nada avançou quanto as reivindicações, entre elas, o retorno do pagamento das gratificações.

O sindicalista disse ainda que houve um “comprometimento” por parte da prefeitura de retirar pedido de majoração feito junto a Justiça que pretende aumentar o valor da multa diária, que hoje é de R$ 30 mil para R$ 100 mil, pelo fato da greve ser considerada “irregular”.

“Nós chegamos neste entendimento e que faz parte do diálogo. Agora quanto às nossas reivindicações nada avançou e continuamos na mesma. A gente lamenta porque infelizemente quem sofre é a população”, reconheceu.

Atualmente, de acordo com o sindicato, há 1,4 mil médicos nos postos de saúde da Capital, porém 53 pediram exoneração na semana passada, por conta da situação salarial, o que aumenta o déficit na saúde. Ainda apontou que os cortes nos plantões tem dificultado os atendimentos nos postos.

“Com o corte dos plantões, as equipes não ficam completas. São necessários, por exemplo, cinco médicos por equipe, mas fecham somente com dois. A situação se agravou e a tendência é piorar”, frisou o presidente do Sinmed.

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