Guardas são retirados de escolas para acompanhar remoção de favela
Guardas municipais escalados para fazer a segurança de escolas municipais em Campo Grande foram retirados de seus postos para acompanhar a remoção dos moradores da Cidade de Deus, na região do Dom Antonio Barbosa, que acontece desde a segunda-feira (7). A situação foi confirmada por funcionários de pelo menos 20 unidades educacionais da rede municipal.
Alguns guardas denunciaram a situação, mas com medo de possíveis retaliações, preferem não se identificar. Porém, a reportagem entrou em contato com ao menos 20 escolas e, em todas, funcionários confirmam que não havia o pessoal da Guarda no local, pois os servidores teriam sido enviados para a missão na Cidade de Deus.
Mesmo assim, a assessoria de imprensa da Prefeitura garante que esta situação não ocorre. A informação oficial é de que existe um efetivo trabalhando nas escolas e nos demais órgãos públicos, em regime de escala de plantão, e que houve um planejamento anterior à operação envolvendo a remoção na favela.
"Em caso de ocorrências em frente as escolas, a população pode acionar a Guarda por meio dos telefones 153 ou 199, e que Guarda mais próxima será acionada para ir até o local. Quando necessário eles acompanham as crianças até os terminais de ônibus", explica a assessoria.
Atualmente, o município possui 1.250 guardas e foram remanejados 225 para manter a segurança do moradores da Cidade de Deus e do lote no bairro Vespasiano Martins, local para onde algumas famílias foram instaladas.
Precário - Na quinta-feira (10), outra denúncia foi enviada à redação, reclamando das condições precárias que os guardas estavam vivenciando durante o trabalho de segurança dos moradores da favela. A equipe escalada, segundo denúncia, não consegue lugar para descansar no plantão noturno.
"Existem duas barracas montadas para a GM, apenas uma pode ser utilizada como dormitório. Existem 4 beliches para 70 homens, e desses só 10 conseguem descansar. O restante dorme em pé igual cavalo", relata o denunciante, que também não quis se identificar.
O clima no local é também de insegurança por parte do efetivo, segundo relato na denúncia. Isso acontece pois não existe apoio da Polícia Militar. "Imagine se alguém resolve atirar ali por perto? Nós protegemos os moradores, e nós?", conta.
Porém o comandante responsável pela operação na favela, Major Escanaichi, os 225 guardas municipais recebem uma boa estrutura para realizarem o trabalho com segurança no local. Além de serem realizadas escalas de serviço para uma melhor organização dos mesmos.
"Temos guardas trabalhando nessa operação com um plantão de 12 por 48. Eles recebem também quatro refeições diárias e temos uma estrutura toda montada para que eles possam passar a noite e descansar", conta.