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Capital

Internação foi última alternativa para família salvar PM em depressão

Nesta manhã, colegas negociaram com PM para que ele seguisse até clínica, onde receberá tratamento necessário

Por Dayene Paz | 31/10/2024 10:55
Policiais em frente à casa de colega antes de levá-lo à clínica. (Foto: Dayene Paz)
Policiais em frente à casa de colega antes de levá-lo à clínica. (Foto: Dayene Paz)

"Nem horas de testes físicos e emocionais ao extremo te prepararam para a depressão. A Segurança Pública de Mato Grosso do Sul está doente". A frase é de um policial militar, que terá a identidade preservada.

Ele enfrenta a doença há mais de três anos e vê, de perto, colegas diante do mesmo obstáculo. É o caso do PM, que hoje recebeu notícia de que seria internado para tratamento.

Logo cedo, colegas de profissão e Corpo de Bombeiros foram à casa do militar, em Campo Grande. Foram três horas de negociação para ele o PM cedesse e, na viatura que prestou serviço por anos, seguiu até uma clínica onde receberá o tratamento necessário.

Quem olha de longe e vê o "cara" forte, que já passou pelos mais complexos testes de aptidão física e psicológica exigidos pela corporação, não sabe a fraqueza que se carrega e nem a dor que se sente. A internação compulsória foi a chave que a família usou para salvar o policial, que já tinha tentado contra a própria vida anteriormente.

Sobre o tema, são dezenas de casos, mas que são contados com cautela. "A pressão que enfrentamos no dia a dia, os riscos, longa jornada de trabalho, deixar a família em casa sem saber se vai voltar, sem tirar processos e processos que carregamos pelo longo da trajetória militar", comenta o policial que conversou com o Campo Grande News. "Estamos doentes", afirma.

O policial comenta que, além da desvalorização profissional, há falta de suporte do Estado para os militares. "Não temos suporte nem no antes, nem no depois. Ficamos doentes e esquecidos e chegamos ao último grau, o suicídio", lamenta.

Alarmante - O suicídio foi escalando posições até que no ano passado se colocou, pela primeira vez, como a principal causa de morte não natural dos policiais, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Nos últimos seis anos, em âmbito nacional, foram vítimas 821 profissionais da segurança publica em atividade e 226 que estavam aposentados.

Por outro lado, a Sejusp-MS (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul) informa que tem tratado do assunto com prioridade. Em maio de 2020 criou um Centro de Atenção Biopsicossocial para atender os servidores da segurança pública.

"Entre as principais metas está a realização de estudos, pesquisas e planejamentos como forma a reduzir alguns indicadores, como números de suicídio, afastamento para tratamento de saúde e tratamentos psiquiátricos, uso de substâncias psicoativas (álcool e drogas ilícitas), além de aumentar campanhas e programas de prevenção voltados para este público", diz texto da Sejusp.

Ainda, segundo a pasta, recentemente foi entregue a Carreta da Saúde, que vai oferecer diversos atendimentos, entre eles o psicológico, para os servidores da segurança pública em todos os municípios de Mato Grosso do Sul.

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