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Capital

Juiz autoriza “Herdeiro de Escobar” deixar prisão para fazer bariátrica

Traficante boliviano “de alta periculosidade” já tentou deixar cadeia outras vezes, mas pedidos foram negados

Por Anahi Zurutuza | 26/10/2023 13:25
Dorado em viatura da polícia boliviana logo depois de ser pego em casa, em 2021 (Foto: El Deber/Arquivo)
Dorado em viatura da polícia boliviana logo depois de ser pego em casa, em 2021 (Foto: El Deber/Arquivo)

Traficante boliviano conhecido como o “Herdeiro de Escobar”, Jesus Einar Lima Lobo Dorado pediu e o juiz Fernando Chemin Cury autorizou que ele deixe a cadeia para passar por cirurgia bariátrica. Preso na Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira, a “Super Máxima”, desde maio de 2021, o detento, também chamado de “Dom Pulo”, será escoltado até hospital de Campo Grande dois dias antes da operação, marcada para o início do próximo mês, e terá de permanecer vigiado por policiais penais durante toda a internação.

O juiz da 1ª Vara de Execução Penal de Campo Grande determinou que Einar volte para a prisão assim que receber alta e agora, a defesa de Dom Pulo, conduzida pelo advogado   Haroldson Loureiro Zatorre, tenta conseguir a liberação do cliente até o fim do tratamento, mesmo que ele tenha de ser monitorado por tornozeleira eletrônica.

“Ele já cumpriu quase quatro anos e meio de pena. Teria direito ao semiaberto no ano que vem. É um risco muito grande fazer a cirurgia desse porte e não ter o acompanhamento multidisciplinar exigido. Anexamos um novo laudo médico ao pedido”, explicou o advogado.

Na decisão autorizando a saída para a cirurgia, o juiz fez ressalvas sobre o histórico de Dom Pulo. “O interno é considerado de alta periculosidade. Trata-se de um cidadão boliviano apontado como líder de organização voltada ao tráfico de entorpecente entre os países Peru, Bolívia e Brasil, dono de um expressivo patrimônio formado por aeronaves e propriedades rurais, conforme se extrai da sentença condenatória. Esse perfil, por óbvio, exige do Juiz da Execução uma postura mais rígida e segura para evitar a frustração no cumprimento da pena”.

Por isso, o Cury deixou registrado que apesar de o detento ter direito ao tratamento, a saída de Einar do presídio de segurança máxima é arriscada. “Se, de um lado, tem ele o direito de ter acesso à saúde – aliás, direito de todo preso –, de outro, é imprescindível que se adote todas as medidas voltadas a evitar uma eventual fuga e frustração da execução da pena”.

Para o magistrado, o pós-operatório poderá ser conduzido dentro da prisão. “Importante registrar que a alimentação dos internos é realizada por empresa terceirizada, juntamente com a nutricionista da unidade penal, a qual poderá elaborar um plano de alimentação específico às suas necessidades. Além disso, eventual necessidade de ingresso do médico particular do sentenciado na unidade penal, após a realização da cirurgia, poderá ser analisada por esse Juízo”.

Dom Pulo já tentou trocar a cela do presídio da Gameleira pela prisão domiciliar, mas teve pedidos negados.

Entregue ao Brasil - Condenado por tráfico, Jesus Einar Lima Lobo Dorado permaneceu em prisão domiciliar na Bolívia até 2021, quando a mudança de governo o colocou na lista de “indesejáveis” do país vizinho e ele acabou extraditado para o Brasil. Trazido por Corumbá foi transferido para a “Super Máxima” no dia 13 de maio daquele ano.

O “figurão” do tráfico ficou conhecido como “Herdeiro de Escobar”, por ser o sucessor do traficante colombiano Célimo Andrade, parente do outro poderoso Pablo Escobar, segundo a Felcn (Força Especial de Combate ao Tráfico de Drogas) da Bolívia.

Ainda em 2021, ele foi condenado a 14 anos de prisão por tráfico internacional de drogas pela Justiça Federal do Acre. O traficante foi acusado de ceder aviões para o transporte de cocaína para o Brasil, após investigação que o apontou como responsável pelo envio de, ao menos, 500 kg de cocaína da Bolívia e do Peru para o país ao longo do ano de 2014.

A quadrilha liderada em solo boliviano por “Dom Pulo”, de acordo com a acusação, arrendava fazendas na região fronteiriça e construía pistas de pouco clandestinas com a intenção de pousar as aeronaves carregadas com a droga.

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