Justiça manda devolver relógios e joias furtados do ex-governador
Reinaldo Azambuja ainda irá receber 67 mil, quantia encontrada com ladrões, fruto da venda de itens furtados
A Justiça em Campo Grande determinou a restituição de bens furtados do apartamento do ex-governado do Estado, Reinaldo Azambuja. O crime aconteceu no dia 8 de junho deste ano, no apartamento localizado no Centro.
Além de dois relógios, uma corrente com pingente de Nossa Senhora e um bracelete de ouro, ainda serão entregues R$ 67 mil, valor levantado pelos ladrões com os outros itens furtados e apreendidos na prisão deles, em São Paulo.
O pedido de restituição foi enviado à 1ª Vara Criminal no dia 13 de setembro, pelo escritório Souza, Ferreira, Mattos & Novaes. Os advogados de Reinaldo Azambuja recorreram ao artigo 120 do CPP (Código de Processo Penal), que prevê a restituição de bens apreendidos ao se verificar a inexistência de interesse sobre o bem para a instrução penal, a demonstração de propriedade do objeto e a inaplicabilidade da pena de perdimento.
Nos documentos anexados ao pedido, constam depoimentos dos acusados à Polícia Civil, que atestam que os relógios e joias foram furtados do apartamento do casal Azambuja.
Em despacho no dia 1º de outubro, o juiz Roberto Ferreira Filho foi sucinto e, “sem maiores delongas”, determinou a restituição dos bens e do valor apreendido. No dia 3, foi encaminhado à Garras e ao delegado titular da 1ª Deatur (Delegacia de Atendimento ao Turista), em São Paulo, para as providências, trâmite ainda em andamento.
Pedido - O furto aconteceu às 12h40 de 8 de junho, sábado. O apartamento do casal, Reinaldo e Fátima Azambuja, foi alvo de ladrões especialistas em furtar condomínios de alto padrão. Eles entram nos prédios como se fossem moradores ou visitantes, acessam o andar mais alto e vão descendo, até encontrar algum imóvel vazio, que possam arrombar.
No caso específico, os ladrões arrombavam a porta dos fundos do apartamento, além de armários e gavetas com chave de fenda.
Na lista de bens furtados constam um relógio marca Bulova; um relógio Baume e Merzier; quatro medalhas de homenagem (da Câmara dos Deputados, da FAB, de Mérito Legislativo, e da República do Paraguai, no grau de comendador); caneta da marca H. Stern; par de brincos redondo, grande, de ouro branco e com uma pedra azul, um anel de brilhante branco, par de brincos de brilhante de folha, um anel de outro branco e amarelo, de brilhantes, par de brincos com pedra de brilhante, uma aliança de brilhante grande, um jogo de pulseira e anel de brilhante, um relógio de ouro branco e amarelo, colares de pérola grandes e curtos, dois anéis de ouro amarelo, uma pulseira de ouro amarelo e uma corrente, um conjunto de corrente e pulseira grossa, um anel tipo chaveiro de brilhante, alguns colares de pérola grande e curtos, bem como bijuterias e a quantia em dinheiro de R$ 30 mil.
Prisões - O furto foi descoberto no dia seguinte, um domingo, quando o ex-governador voltou de viagem a Maracaju, cidade que comemorou 100 anos naquele fim de semana.
A investigação da Garras (Delegacia Especializada em Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) apurou que os ladrões estariam em São Paulo, com carro alugado e pediram apoio àquele estado.
No dia 10, o carro usado por eles foi encontrado e três homens foram detidos na região da Sé, no Centro de São Paulo: Davi Morais Saldana, Ítalo Alexandre Franca Silvestre e Antônio Matheus de Souza Silva.
Com Ítalo Alexandre e Davi, os policiais recuperaram os dois relógios, das marcas Bulova e Tag, corrente com pingente de Nossa Senhora e o bracelete. No carro usado por eles, foi apreendida sacola de supermercado com R$ 67 mil, do lucro da venda dos objetos furtados.
Na investigação, a Polícia Civil encontrou imagens que mostram Davi e Ítalo em uma loja de compra e venda de joias.
Em depoimento à polícia, Davi Saldana, confessou o crime. Disse que estava em liberdade desde agosto de 2023, mas por ser ex-presidiário não conseguia emprego. Por isso, aceitou a empreitada em Campo Grande, sob o comando de mentor identificado como Bully ou Juan, detido no Rio de Janeiro.
O rapaz afirma que o condomínio no Jardim dos Estados foi escolhido por ter apenas uma sacada por andar – o que indicava que se tratava de prédio com um apartamento por pavimento – e por “falhas” detectadas na segurança. Deram azar em entrar no apartamento do ex-governador.
A reportagem apurou que Antônio Matheus foi liberado no dia 23 de setembro, responde em liberdade e voltou para o estado de São Paulo, se comprometendo a comparecer ao andamento do processo. Davi Saldanha e Ítalo Alexandre estão presos na Gameleira I, a "Supermáxima", em Campo Grande.
A defesa de Antônio alega que ele não tem envolvimento no furto e estava de carona, no banco de trás, no carro interceptado pela polícia no dia 10 de junho. A irmã dele, Kelly de Souza, fez investigação paralela e juntou imagens que comprovariam que o rapaz não saiu de São Paulo no dia do crime. A reportagem não conseguiu contato com os outros dois acusados.
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