Laudo confirma que agressões causaram morte de criança em escola
Gabrielly Ximenes Souza, de 10 anos, foi agredida a mochiladas e chutes na saída da escola em novembro. Dois meses e meio depois, laudo aponta que agressões, somadas a doença imunodeficiente, mataram a menina
No dia 6 de dezembro de 2018, Gabrielly Ximenes de Souza, de apenas 10 anos, faleceu na Santa Casa. Antes da entrada no hospital, no dia 29 de novembro, sofreu agressões na saída da Escola Estadual Lino Villachá, no Bairro Nova Lima, em Campo Grande. Dois meses e meio depois, laudo da perícia da polícia civil afirma que as agressões sofridas pela criança , que apanhou de duas adolescentes de 13 anos, causaram a morte da menina.
As duas garotas serão indiciadas pela Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude) por lesão corporal dolosa, quando há intenção de machucar. Titular da delegacia e responsável pelo caso, a delegada Ariene Murad explicou que o laudo foi “extremamente minucioso” e também apontou que Gabrielly sofria de uma doença imunodeficiente.
A doença contribuiu para o quadro de saúde da criança, mas não determinou a morte, por isso a delegada apresenta o caso como “morte concausa”. O corpo da menina, já fragilizado por uma patologia desconhecida pela família, não suportou os golpes recebidos. Para reconstruir as cenas de agressão, a investigação, através de ordens de serviço, localizou testemunhas que presenciaram as agressões.
Reconstituição – Segundo a delegada, Gabrielly teve uma discussão com uma colega de sala, de 9 anos, no mesmo dia das agressões. As duas frequentavam o 4º ano do ensino fundamental. Na hora da saída, uma mãe de aluno presenciou a colega puxando o cabelo de Gabrielly. A cerca de 300 metros da escola, duas adolescentes de 13 anos continuaram as agressões, uma delas prima da colega de 9 anos.
Gabrielly recebeu golpes de mochila e chutes. Ela foi ao médico, que acabou por liberar a criança, e depois foi internada na Santa Casa. A investigação aponta que não houve negligência médica. Gabrielly sofreu trauma no quadril, que se transformou em artrite séptica e levou a um quadro de infecção generalizada. Esse quadro de saúde provocou a parada cardíaca que vitimou a criança.
A doença da Gabrielly, segundo o laudo, é difícil de ser identificada e pode passar despercebida por toda a vida. É o que fazia, segundo a análise pericial, com que a criança visitasse médicos com frequência. A investigação analisou todos os prontuários de saúde de Gabrielly. Durante a análise, o perito retirou tecido de cinco órgãos da criança.
Investigação – Suspeitas da agressão, as duas adolescentes devem responder por ato infracional. A delegada afirma que não será apresentado pedido de indiciamento por lesão corporal dolosa seguida de morte porque as duas não sabiam que as agressões iriam vitimar a criança. O processo, explicou, será encaminhado ao juiz da infância, que irá decidir qual medida socioeducativa será aplicada às duas.
A criança de 9 anos não vai responder pelas agressões, nem a família. Além do laudo pericial, documento do Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) também contribuiu com a investigação.