Laudo é peça importante, mas não define autoria sobre mortes na quimioterapia
O laudo da reprodução simulada feita no dia 20 de agosto, no setor de manipulação da oncologia da Santa Casa de Campo Grande, é apenas mais uma peça do quebra-cabeças sobre as mortes das três mulheres que fizeram sessão de quimioterapia na unidade de saúde, afirma a delegada Ana Cláudia Medina, da 1ª Delegacia de Polícia.
Ela explica que a peça auxilia nas investigações e, embora aponte que houve erro humano, não determina a autoria alguma. Desde o início das investigações a delegada tem como principal hipótese o erro cometido por algum dos funcionários do setor, no entanto, não é possível afirmar em qual momento do processo as falhas aconteceram.
“O laudo é auxiliar e serve para demonstrar as possibilidades de erros, que podem ser milhares. Trabalho com uma convicção e a estou materializando com os recursos que tenho. Ele (o laudo) auxilia em parte, e agora sigo montando o quebra cabeça”, disse a Medina, destacando que vai continuar colhendo depoimentos e fazendo novas perícias.
“Ainda preciso ouvir mais uma médica e a Dona Margarida (umas vítimas que sobreviveram), além de outros pacientes daquela semana crítica, de 23 a 28 de junho”, relatou. Entre os dias 10 e 12 de julho, Carmen Insfran Bernard, 48 anos, Norotilde Araújo Greco, 72 anos, e Maria Glória Guimarães, 61 anos, morreram após reações adversas ao tratamento de quimioterapia na Santa Casa – as três tinham câncer colorretal e receberam tratamento de 24 a 28 de junho.
Conforme mencionado por Medina em outras ocasiões, embora a situação esteja mais clara, ainda é cedo para apontar culpados. Todo o atendimento das mulheres, partindo da prescrição médica até chegar ao tempo de infusão, está sendo minuciosamente apurado. Recentemente, Adolfo Coelho de Souza, de 82 anos, morreu após sessões de quimioterapia também na Santa Casa. O caso é investigado e assim como os demais, a autoria recai sobre falha humana.