Mãe viaja 833 quilômetros para buscar corpo de filha que morreu queimada
Mulher teve 90% do corpo queimado por outras duas transexuais após briga em boate de Campo Grande
Iraides Rosa Ferreira viajou 833 quilômetros, de Trindade (GO) até Campo Grande, para uma despedida nada fácil. Teve a filha cruelmente assassinada. Pamela Myrela, 31 anos, mulher transexual, teve 90% do corpo incendiado na madrugada de domingo (19), quando estava em casa, na Vila Carvalho. O crime foi motivado por desentendimento em uma boate da Capital com outras duas trans, que foram presas.
Iraides chegou nesta manhã (21) em Campo Grande e, infelizmente, para cuidar dos trâmites funerários. Ela falou emocionada ao lembrar da filha, que morava em Campo Grande há cerca de 10 anos. "Uma pessoa alegre, feliz e carinhosa. Para ela não tinha tempo ruim. Gostava muito de morar aqui".
Pamela era a filha mais velha. "Era minha companheira, me ligava todo dia querendo saber como eu estava e ligava para a irmã mais nova também. Todo fim de ano ia me ver, era sagrado", comenta Iraides. "Ela passou o final de ano com a gente, veio para cá na quarta-feira e aconteceu isso com ela no domingo. Fizemos as festas, reunimos a família e ela estava ali com a gente como todo ano", lembra a mãe.
Iraides afirma que desconhece o motivo do crime e pede por justiça. "A pessoa que fez isso tem que pagar". Sem condições de arcar com o custos funerários, principalmente do translado do corpo para Goiás, de R$ 12 mil, a família abriu uma vaquinha. Valores podem ser repassados através da chave Pix: 62 992586602.
O namorado de Pamela, Renan Castilho, também conversou com a imprensa enquanto aguardava os trâmites na delegacia de polícia. Ele acredita que Pamela tinha desavenças com as duas outras trans suspeitas de cometerem o crime e pede justiça. "Acabaram com a gente, com a nossa família, estávamos juntos há 8 anos. Ela era uma pessoa super gente boa, companheira, guerreira. Lutava e tinha um futuro brilhante pela frente", disse.
A representante da ATTMS (Associação das Travestis e Transexuais de Mato Grosso do Sul) também acompanha a família de Pamela. "O posicionamento da associação é o mesmo de toda a sociedade, a gente não pode concordar com a barbárie, vamos cobrar como qualquer pessoa enquanto família e ajudar naquilo que for possível porque a gente busca justiça", finalizou.
Entenda - O crime aconteceu após desentendimento em uma boate na noite de sábado (18). Outras duas transexuais, conhecidas como Baby e Yara, foram até a casa de Pamela Myrela e jogaram um coquetel molotov na vítima, já na madrugada de domingo (19). Depois, atearam fogo.
O quarto do imóvel foi atingido, mas um vizinho conseguiu controlar as chamas e retirar a vítima da casa. Ainda consciente, à espera de socorro, Pamela contou para a polícia sobre o desentendimento na boate. Também revelou que Baby e Yara tinham uma cafetina, dona de uma pensão, e esta teria ordenado o crime. Pamela ainda relatou que já teve desentendimento anterior com a cafetina.
Baby e Yara foram localizadas e presas na pensão, no Bairro Amambaí. A dona da pensão foi ouvida pela polícia, confirmou que teve desentendimento com Pamela há cerca de seis anos, mas negou qualquer envolvimento com o crime. A mulher disse que Baby e Yara chegaram à pensão já informando que atearam fogo em Pamela.
Socorro - Pamela foi socorrida com 90% do corpo queimado e encaminhada para a Santa Casa de Campo Grande em estado gravíssimo. Ela não resistiu e a morte foi constatada pela equipe médica às 5h37 desta terça-feira (21).
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