Mães cobram entrega de leite, fraldas e medicação para crianças
Grupo foi bater lata logo cedo em frente à Prefeitura; algumas mães levaram os filhos com deficiência
Um grupo de mães de crianças com deficiência protesta esta manhã em frente à Prefeitura de Campo Grande cobrando agilidade no fornecimento de alimento especial, medicação e fraldas. Muitas disseram que, mesmo obtendo liminar na Justiça, a entrega não se concretiza, tornando muito difícil a rotina. Algumas mães foram para frente do Paço Municipal levando os filhos.
O problema não é novo, agravou-se, conforme as mães, que bateram latas de leite e gritavam palavras de ordem. Cinco delas foram chamadas para dentro do prédio para conversar com representante da Administração Municipal.
Maria de Sousa Ferreira, de 57 anos, presidente da Amade (Associação de Mães de Pessoas com Deficiência), foi uma das que entraram. Ela contou à reportagem que falta interlocução para tentar solucionar a não entrega da alimentação e os insumos. Criticou a postura da Prefeitura, que aponta ser um direito que está no papel, mas que não se concretiza. “As crianças não comem papel”, reclamou.
Ela apontou a urgência do tema. “A gente vai deixar as pessoas morrerm de fome? Precisamos dar alimento às crianças. Elas não falam, não andam, mas precisam comer.” Mãe de Maria Valentina, que nasceu com a síndrome cornelia de lange, Joelma Belo, de 44 anos, revelou o malabarismo que faz para conseguir assegurar o que a filha precisa. Aos oito anos, Valentina não cresceu por conta da doença. Ela permanece no colo da mãe.
Com medicamentos e fraldas, a família destina cerca de R$ 2 mil por mês. Ela conta que obteve liminar para receber da prefeitura, mas não consegue. A alimentação, que é fornecida por sonda conectada ao abdome da criança, ela não cobra da Administração Municipal. Mas o restante é urgente o cumprimento da ordem judicial. A filha sofre de refluxo e precisa de remédio continuadamente.
Joelma revela que a família conta com benefício da LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social), no valor de um salário mínimo, pago pela União. Para complementar as despesas, ela vende rifas e também faz brechó com doações. A rotina não é fácil, comenta a mãe. Ela conta que, diante da doença da filha, o marido não tem um emprego regular, atuando como autônomo, para também poder se dedicar aos cuidados necessários à criança.
Se é um direito que o SUS prevê, tem que ser cumprido, cobra Joelma. “Não é porque é gratuito que tem que ser ignorado”, disse, emendando que se a Administração Municipal fornecesse o que pedem, seria menos oneroso para o orçamento familiar.
A Prefeitura ainda não se posicionou sobre a cobrança. Havendo a manifestação, será acrescentada.
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