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Capital

Major é condenado a 15 anos por lavar dinheiro usando rede de empresas

Parte da quantia veio de golpe contra espólio de um milionário, investigado em 2010 na operação Vitruviano, da Polícia Federal

Aline dos Santos | 04/07/2019 10:49
Sérgio Roberto de Carvalho (ao centro) durante julgamento. (Foto: Arquivo)
Sérgio Roberto de Carvalho (ao centro) durante julgamento. (Foto: Arquivo)

A 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande condenou o major Sérgio Roberto de Carvalho a 15 anos de prisão por crimes de lavagem de dinheiro. Parte da quantia veio de golpe contra espólio de um milionário, investigado em 2010 na operação Vitruviano, da Polícia Federal. A juíza de Mato Grosso do Sul que liberou R$ 3,9 milhões do espólio de Olympio José Alves em tempo recorde foi aposentada compulsoriamente.

De acordo com o MPF (Ministério Público Federal), que denunciou 22 pessoas, Major Carvalho teria liderado, entre os anos 2000 e 2007, esquema de lavagem de capitais, com aquisição da usina e fazenda Centro Oeste, localizada em Juscimeira (Mato Grosso); simulação da venda do bem a Olympio José Alves, com saque de R$ 3,9 milhões; pulverização da quantia em várias contas bancárias; e utilização de rede de empresas para o branqueamento de capitais.

A rede incluía dez empresas, sendo muitas inativas ou de fachada. “Sérgio Roberto estruturou uma vasta rede de empresas, cujas razões econômicas seriam indelevelmente ligadas à prática de lavagem, sem subsistir de fato no mundo fenomênico (empresas de fachada), ou estavam postas à disposição, para além de suas ordenanças, dos mecanismos de lavagem, estando todas registradas em nome de terceiros (laranjas)”, aponta, na decisão, o juiz federal Bruno Cezar da Cunha Teixeira.

Fraude de R$ 4 milhões – O enredo em que o crime de lavagem cruzou com o do patrimônio do milionário começou em 19 de janeiro de 2005. José Olympio, que faleceu em 15 de junho daquele ano, teria adquirido por meio de um procurador a usina e a fazenda no Mato Grosso por R$ 750 milhões.

Justiça Federal condenou major por ocultar patrimônio ilícito por meio de empresas. (Foto: Henrique Kawaminami)
Justiça Federal condenou major por ocultar patrimônio ilícito por meio de empresas. (Foto: Henrique Kawaminami)

Posteriormente, descobriu-se que a procuração era falsa. O valor seria pago à empresa KLB Transportes. Curiosamente, a empresa assumiu o patrimônio apenas em 29 de maio de 2005. Ou seja, vendeu o que não era seu. A data foi anterior ao falecimento para permitir a fraude. A dívida foi executada na Justiça de MS, que liberou o pagamento de quase R$ 4 milhões.

A quantia foi sacada em 2007 e fracionada entre várias empresas e pessoas físicas. Conforme a denúncia, a finalidade de pulverização dos valores era dissimular a origem do valor e o seu real destino: o Major Carvalho.

O oficial da PM (Polícia Militar) foi condenado a 15 anos e três meses, com regime inicial fechado. A condenação foi por ocultação de patrimônio por meio de movimentação financeira em cinco empresas, sendo uma delas a KLB. Transporte e Comércio de Combustíveis. As demais 21 pessoas foram absolvidas. A rede de laranjas tinha funcionários do major, mas pessoas simples, com pouco ou nenhum estudo.

Cocaína e jogatina – Sérgio Roberto de Carvalho já foi denunciado por contrabando, tráfico, evasão de divisas e exploração de jogos de azar. Ele foi condenado em ação penal do ano de 1997, por tráfico de 237,5 quilos de cocaína.

O oficial foi alvo também da operação Xeque-Mate, em 2007, sobre exploração de máquinas de caça-níqueis. Conforme o histórico do réu traçado na decisão, ele foi absolvido dos crimes de corrupção ativa e quadrilha, enquanto o crime de contrabando prescreveu.

Em 2009, foi denunciado na operação Las Vegas, relacionada à jogatina. A Justiça arquivou o processo devido à grande possibilidade de prescrição dos crimes de contrabando e formação de quadrilha. O crime de exploração de jogos de azar também prescreveu na Justiça Estadual.

“A configuração da prescrição em ambos os casos não impede a sua caracterização como crimes antecedentes, já que não houve qualquer posicionamento judicial de que os fatos delituosos não tenham sido cometidos pelo acusado”, informa a decisão.

Sérgio Roberto Carvalho chegou a ser expulsos da Polícia Militar, mas foi reincorporados por decisões judiciais e está na folha de pagamento do governo do Estado. O policial tem remuneração de R$ 11.105, por meio da Ageprev (Agência de Previdência de Mato Grosso do Sul). A reportagem não conseguiu contato com a defesa do policial.

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