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Capital

No auge, jogatina teve cassinos de luxo, monopólio e lista de autoridades

A operação Las Vegas, que denunciou 19 pessoas envolvidas na exploração de jogos de azar em cassinos de Campo Grande, mostrou a proximidade da contravenção com a lei

Aline dos Santos | 10/04/2019 11:13
Máquinas de jogos de azar apreendidas em Campo Grande. (Foto: Arquivo)
Máquinas de jogos de azar apreendidas em Campo Grande. (Foto: Arquivo)

Jogos de azar, cassino, jogatina: os crimes que floresceram no noticiário de Campo Grande entre o período de 2008 a 2012 saíram de anos do esquecimento para voltar em abril de 2019 no enredo de um fuzilamento ao cair da noite, num bairro residencial.

A proibição dos bingos e caça-níqueis no Brasil data de 2004, com uma migração desse público para opções clandestinas de jogos de azar.

Em 2009, a operação Las Vegas, realizada pela Polícia Federal e Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), fechou cassino de luxo na Vila Planalto, com jogatina numa mansão, onde foi encontrada, inclusive, uma lista com nomes de políticos, comerciantes e advogados

A apreensão foi em 20 de maio de 2009. Só na primeira página, a lista tinha 51 nomes, organizados em ordem alfabética, com detalhes como telefones de políticos do Executivo e do Legislativo. Em alguns casos, o nome vinha acompanhado de informações entre parênteses, como empresa, profissão, nome de secretárias. Os nomes de políticos que possuíam mandato vinham precedidos do termo Doutor.

Sérgio Roberto de Carvalho foi apontado como líder o esquema de jogatina, durante julgamento em 2011. (Foto: Arquivo Campo Grande News)
Sérgio Roberto de Carvalho foi apontado como líder o esquema de jogatina, durante julgamento em 2011. (Foto: Arquivo Campo Grande News)

A Las Vegas, que denunciou 19 pessoas envolvidas na exploração de jogos de azar em cassinos de Campo Grande, mostrou a proximidade da contravenção com a lei. O major Sérgio Roberto de Carvalho foi apontado como líder o esquema de jogatina e o capitão Paulo Roberto Xavier era o gerente de logística e segurança da organização. Ontem à noite, o filho de Paulo Xavier foi executado em frente de casa, no bairro Jardim Bela Vista.

Em março de 2011, Paulo Xavier foi condenado a sete anos de prisão, em regime fechado, por falsidade ideológica, por manter um estabelecimento comercial (o que é proibido para oficial) e corrupção passiva.

O regime foi progredindo e, já em liberdade, o capitão voltou a ser preso em 2015, no Maranhão. O flagrante foi registrado na 7ª Delegacia Regional de Santa Inês (MA) por posse ilegal de arma de fogo e adulteração de sinal identificador de veículo automotor.

Andrey Cunha em 2009, saindo de cassino clandestino que comandava no Jardim dos Estados. (Foto: Arquivo Campo Grande News)
Andrey Cunha em 2009, saindo de cassino clandestino que comandava no Jardim dos Estados. (Foto: Arquivo Campo Grande News)

Também denunciado na Las Vegas, Andrey Galileu Cunha foi executado no dia 23 de fevereiro de 2012, em frente a uma escola na rua Rio Grande do Sul, em Campo Grande. A investigação apontou que ele foi assassinado na disputa pelo monopólio da exploração dos jogos de azar. Em 2012, três pessoas foram presas, sendo um policial civil.

Menor escala – Hoje, a realidade da Deops (Delegacia Especializada de Ordem Política e Social) é de apreensões de caça-níqueis em menor escala e de forma pulverizada.

“Em fevereiro, apreendemos seis caça-níqueis. Ainda tem máquinas, não em casas enormes como há sete, dez anos. A equipe de inteligência está sempre produzindo informações. Mas as apreensões é em menor escada: uma dúzia, 15 máquinas”, afirma o delegado Paulo Henrique Sá, titular da Deops.

Para o delegado, o cenário mudou com a fiscalização e a divulgação de que é ilegal.

Carteira militar do Capitão Xavier, reformado pela PM em 2017.
Carteira militar do Capitão Xavier, reformado pela PM em 2017.
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