Mal a vida adulta começou, um acidente mudou os planos
Em uma única manhã a vida de Hideobrando Viana Saito mudou. A rotina era a mesma, o caminho para buscar a namorada também. A diferença é que naquele dia, no mesmo horário, o rapaz de apenas 19 anos, que pilotava uma motocicleta, sofreu um acidente de trânsito. Após ser atingido por um caminhão, o veículo que conduzia foi arrastado por cerca de 16 metros. Hideobrando também.
“É um milagre”, resume, ao tentar explicar como está vivo para contar a história. Naquele dia, uma quarta-feira, ele saiu da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) - onde é acadêmico do terceiro semestre de Direito - voltou para casa e foi buscar a namorada no serviço, como sempre fazia.
No caminho, mesmo na via preferencial, foi colhido por um caminhão que, segundo testemunhas, trafegava em alta velocidade.
O acidente aconteceu há quase 1 mês, no dia 27 de junho, no cruzamento da avenida Ulisses Serra com a rua Belo Horizonte, no Jardim Imá, em Campo Grande.
“Lembro de poucas coisas. Lembro que tomei uma pancada, provavelmente do eixo do caminhão, disse. “Na cabeça de quem sofreu um acidente a única coisa que a gente pensa é no que esta acontecendo com você. Na hora a gente não consegue raciocinar, assimilar”, acrescenta.
Mesmo ferido, Hideobrando conseguiu dizer o número do telefone da namorada a uma testemunha que estava no local e havia presenciado a colisão. Foi ela quem ligou para Lais Freitas Monteiro, de 19 anos.
“Ela falou que meu namorado tinha sofrido um acidente. Na hora eu achei que tinha sido bem pior”, contou. Hideobrando fraturou os dois fêmures, a tíbia e sofreu traumatismo craniano. A pancada foi tão forte que ficou desacordado por três dias.
Hoje, 19 dias depois, já era para o motociclista estar em casa, mas uma febre repentina o impediu. Ele está internado na Santa Casa e já passou por três cirurgias. A última foi na quinta-feira (12).
A mãe e a namorada é quem passam a maior parte do tempo ao lado dele. Se revezam a cada 12 horas. Companhia que ele passou a valorizar muito mais.
“Você vê que as coisas menores são as mais importantes e que o mais importante não é só a sua vida, mas daquelas pessoas que você pode deixar para trás”, afirmou Hideobrando.
Para o acadêmico, as principais mudanças na vida de alguém que é vítima de um acidente de trânsito começam pela independência. “Você se sente pequeno e vê o quanto necessita de ajuda. Toda a minha rotina mudou”, disse.
Mas o acidente, declarou, “tinha que acontecer”. “O que tem que acontecer, acontece”, disse.
Agora, ficou a lição: Motocicleta nunca mais. Benefícios como flexibilidade, agilidade e “aquela sensação gostosa” também trazem consigo o perigo evidente, avalia o jovem. “São os benefícios, mas tem os malefícios”, explica.
Para Lais Freitas, um alívio saber que o namorado embora com as lesões, tenha saído vivo do acidente. “Eu percebi que o controle da vida não está em nossas mãos”, disse. "E o trânsito não depende só de você", finalizou o jovem.
Hideobrando Viana Saito deve deixar a Santa Casa nesta terça-feira (17). A previsão é de que ele fique ao menos 7 meses sem colocar os pés no chão.