Marquinhos tenta barrar, mas Justiça mantém investigações de assédio
Defesa do ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD) pediu arquivamento de 6 casos, mas 3 foram negados
A defesa do ex-prefeito e candidato a governador Marquinhos Trad (PSD) tentou barrar inquérito policial que apura importunação sexual a seis mulheres. Dez casos já foram arquivados. As investigações correm sob sigilo, mas o Campo Grande News teve acesso a decisão da Justiça, desta semana, em relação ao habeas corpus negado parcialmente pela Justiça, fazendo com que denúncias de três mulheres continuem sendo investigadas.
Pelos menos 16 mulheres (e o marido de uma delas) procuraram a Polícia Civil para fazer denúncias contra o ex-prefeito por crimes sexuais que estariam acontecendo desde 2005.
No início deste mês, a Justiça mandou arquivar as denúncias de seis mulheres contra Marquinhos. Na semana passada, foram arquivadas mais quatro denúncias.
Desta vez, o pedido liminar, impetrado pelas advogadas Andréa Flores e Rejane Alves de Arruda, tentou derrubar as investigações dos seis casos restantes.
Conforme a decisão, em relação a uma das possíveis vítimas “poderia configurar o crime de importunação sexual, previsto no artigo 215-A do Código Penal, fez constar que entretanto, a afirmação é prematura diante das declarações apresentadas, as quais apresentam indícios, ainda que mínimos, acerca de eventual importunação sexual, o que conforme entendimento do STJ (Superior Tribunal de Justiça), afasta a possibilidade de trancamento do inquérito policial”.
Arquivados - A Justiça determinou o arquivamento parcial do inquérito, no início deste mês. As denúncias de seis mulheres não poderiam resultar em punição porque os supostos crimes prescreveram, ou seja, passou o prazo para que ele pudesse ser processado. Portanto, Marquinhos deixou de ser investigado por dois supostos casos de tentativa de estupro e ainda quatro acusações de assédio. Em seguida, outros quatro casos foram arquivados.
Inquérito – A investigação foi aberta após as primeiras denúncias, feitas por quatro mulheres: duas de 32 anos, outra de 31, e uma mais jovem, de 21 anos. Marquinhos admitiu relações extraconjugais, mas negou crime, dizendo ser vítima de “armação política” de adversários para prejudicá-lo como candidato ao Governo.
As advogadas que defendem o ex-prefeito também afirmaram ainda que cafetina arregimentou garotas de programa para fabricar denúncias contra o cliente. Marquinhos ainda não prestou depoimento. Ele foi chamado para prestar depoimento facultativamente à polícia, mas não compareceu.
Depoimento - O delegado-geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Roberto Gurgel de Oliveira Filho, explicou que o depoimento era oportunidade de Marquinhos se defender, mas ele não era obrigado a comparecer.
"A polícia tem interesse de ouvir a todos. Esse processo está sob sigilo, e não podemos dar detalhes, mas certamente ele [Marquinhos] será ouvido durante o decorrer do inquérito", disse Gurgel, durante inauguração de prédio da DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), na quarta-feira (28).