Ex-servidor foi preso por coagir testemunhas em inquérito sobre assédio
Endereços ligados a Victor Hugo Nogueira, que trabalhou até 2021 na Prefeitura, foram vasculhados nesta manhã
O ex-servidor da Prefeitura de Campo Grande, Victor Hugo Ribeiro Nogueira da Silva, de 36 anos, era mesmo o principal alvo da Polícia Civil nesta manhã, quando equipes da Deam (Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher) cumpriram mandados de busca e apreensão em dois endereços da Capital em investigação de denúncias de assédio sexual.
Foi confirmado pela Polícia Civil ainda que contra ele, havia mandado de prisão expedido pela 3ª Vara Criminal. Ele é suspeito de coagir testemunhas e é investigado pelos crimes de corrupção ativa de testemunhas e favorecimento à prostituição. Veja o momento em que Victor Hugo chega preso à Deam:
Além dele, três mulheres foram levadas para a delegacia e uma delas precisou assinar termo por portar drogas para uso pessoal, na Denar (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico).
Victor Hugo ocupou cargos em comissão no Executivo municipal de março de 2017 até 8 de julho do ano passado, quando foi exonerado a pedido. Neste intervalo, passou pela Subsecretaria de Defesa dos Direitos Humanos, sob o comando de Ademar Vieira Júnior, o Junior Coringa (PSD), que hoje é vereador, chegou a ser lotado na Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) e trabalhou como “gestor de projetos” no gabinete do prefeito. O último pagamento que recebeu do município, em julho do ano passado, foi de R$ 5.784,63, com os descontos.
O ex-servidor também responde a vários processos judiciais. Na área criminal, é acusado de furto e estelionato.
De acordo com a Polícia Civil, também foram cumpridos mandados de busca e apreensão em dois imóveis, sendo um comercial e o outro, onde foi constatado que funcionava uma casa de prostituição. “Durante as diligências foram apreendidos diversos objetos que guardam relação com os crimes mencionados”, informou a assessoria de imprensa da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública).
A ordem judicial, conforme documento ao qual o Campo Grande News teve acesso, era para apreender celulares, computadores, HD’s, pen-drives, CDs, DVDs, além de quaisquer outros objetos ilícitos encontrados nos endereços ligados a Victor Hugo. A juíza May Melke Penteado Siravegna também mandou que investigadores apreendessem instrumentos usados para falsificações, caso encontrassem.
A origem - A ação faz parte das investigações de denúncias de assédio sexual envolvendo o ex-prefeito e candidato a governador, Marquinhos Trad (PSD), investigadas no inquérito de nº 3457/2022.
A última operação do tipo ocorreu em 9 de agosto, para cumprimento de mandados de busca e apreensão no Paço Municipal.
Até o momento, pelo menos 12 mulheres (e o marido de uma delas) procuraram a Polícia Civil com acusações contra o ex-prefeito. As vítimas têm entre 21 e 49 anos e os crimes estariam acontecendo desde 2005.
A investigação foi aberta após as primeiras denúncias, feitas por quatro mulheres: duas de 32 anos, outra de 31, e uma mais jovem, de 21 anos. Marquinhos Trad admitiu relações extraconjugais, mas negou crime, classificando como mentirosas as denúncias de assédio sexual atribuídas a ele e estratégias de adversários durante campanha eleitoral.
No dia 26 de julho, as advogadas Andrea Flores e Rejane Alves Arruda, que defendem o ex-prefeito, afirmaram que o cliente é vítima de uma armação “vergonhosamente política” e que uma cafetina arregimenta garotas de programa para denunciá-lo.
Nesta tarde, dois advogados compareceram à Deam se apresentando como representantes de Victor Hugo. Um deles, Rodrigo Nascimento, disse na saída da delegacia que pediu acesso aos autos do inquérito para saber do que se trata a investigação contra o cliente antes de se manifestar.
(*) Matéria alterada às 15h33 para acréscimo do posicionamento de advogado do homem preso.