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Capital

Material genético de estupradores presos em operação vai para banco nacional

Lei federal permite a coleta de material genético de pessoas condenadas por estupro

Aline dos Santos | 23/05/2021 14:00
Homem (ao centro) foi preso durante a operação "Araceli", realizada na 3ª feira. (Foto: Henrique Kawaminami)
Homem (ao centro) foi preso durante a operação "Araceli", realizada na 3ª feira. (Foto: Henrique Kawaminami)

Treze presos na operação “Araceli”, realizada na última terça-feira (dia 18) em repressão a crimes contra crianças e adolescentes, tiveram material genético coletado e as amostras entram no Banco Nacional de Perfil Genético.

A Lei Federal 12.654, que está em vigor desde 2013, permite a coleta de material genético de pessoas condenadas por estupro. De acordo com a diretora do IALF (Instituto de Análises Laboratoriais Forenses), perita criminal Josemirtes Socorro Fonseca Prado da Silva, foi coletada amostra da mucosa bucal. O material contém DNA.

Conforme a diretora, os vestígios deixados pelos infratores nos locais de crimes têm o seu DNA extraído e o perfil genético inserido banco nacional.

“Desta maneira é possível apontar a autoria de crimes sem solução, além de comprovar a inocência de suspeitos e interligar um caso com outras investigações das demais esferas policiais, funcionando assim como uma ferramenta eficiente para resolver crimes ocorridos em todo território nacional, contribuindo para a redução da impunidade e evitando condenações equivocadas”, afirma Josemirtes.

Equipe do Instituto de Análises Laboratoriais Forenses fez coleta de material.
Equipe do Instituto de Análises Laboratoriais Forenses fez coleta de material.

A operação “Araceli” cumpriu mandados para prender condenados por crimes praticados contra crianças e adolescentes, como violência, abuso e exploração sexual. As decisões foram da 7ª Vara Criminal de Campo Grande.

Ao todo, 30 pessoas foram presas, sendo 20 na terça-feira e outros dez durante a identificação do paradeiro dos sentenciados. Participaram da operação 150 policiais militares e 128 policiais civis.

Segundo o promotor Marcos Alex Vera de Oliveira, nos anos de 2019 e 2020, foram distribuídos 1.667 novos inquéritos. A maioria, 78%, foi por crimes contra a dignidade sexual (664 denúncias).

O inferno vivido por meninos e meninas fica claro nas estatísticas. Das 664 denúncias de crimes contra a dignidade sexual, 79% são de estupro (525 casos) e 12% de importunação sexual (80).

Os dados mostram que se a violência sexual tivesse um rosto: seria uma menina, com idade de 6 a 13 anos. Já o agressor tem o seguinte perfil: homem e com vínculo familiar (pai, padrasto, avô, avôdrasto, tio, primo).

Perfil das vítimas: 96% são meninas e a maioria tem de 6 a 13 anos. (Foto: Reprodução)
Perfil das vítimas: 96% são meninas e a maioria tem de 6 a 13 anos. (Foto: Reprodução)

Triste data – A operação foi deflagrada no Dia Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes , 18 de maio. A data foi instituída pela Lei Federal 9.970 em alusão ao "Caso Araceli".

A menina que aos 8 anos foi raptada, drogada e violentada por vários dias, antes de ser morta, ter seu corpo desfigurado por ácido e abandonado em um terreno baldio em Vitória, no Espírito Santo.  Araceli Cabrera Sánchez Crespo foi assassinada em 18 de maio de 1973. Vinte e um anos depois da criação da lei e 48 anos após a morte da criança, o crime segue impune.

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