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Capital

Mentira sobre farda não vai contar em julgamento de PRF por assassinato

“Coreia” será julgado por matar empresário e por 2 tentativas de homicídio

Anahi Zurutuza e Aline dos Santos | 11/04/2019 08:57
Ricardo Hyun Su Moon no banco dos réus (Foto: Marina Pacheco)
Ricardo Hyun Su Moon no banco dos réus (Foto: Marina Pacheco)

O episódio da troca de roupa logo após a morte do empresário Adriano Correia do Nascimento, de 33 anos, ficará de fora do Tribunal do Júri desta quinta-feira (11). O júri vai decidir de o policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon, de 49 anos, conhecido como Coreia, terá de cumprir pena por assassinato e também por tentar matar outras duas pessoas, mas o crime de fraude processual não será julgado.

Coreia é acusado de homicídio doloso (quando há a intenção de matar) qualificado por motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima, além de duas tentativas de homicídio.

O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) também o denunciou por fraude, porque no dia do crime Moon estaria sem farda ao abordar a caminhonete conduzida pelo empresário, mas ao se apresentar em delegacia como o autor dos disparos que matar Adriano, Coreia já usava o uniforme da corporação.

Na versão do PRF, o condutor da Toyota Hilux provocou suspeita pela forma que dirigia e o mesmo fez abordagem policial após ter sido fechado.

A denúncia por fraude processual, contudo, foi rejeitada pelo juiz Carlos Alberto Garcete, titular 1ª Vara do Tribunal do Júri, em janeiro de 2017 e a decisão foi mantida pelo TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) em maio daquele ano. A acusação recorreu ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), que ainda não se manifestou.

Coreia dentro de viatura da PM falando ao celular logo depois da abordagem e morte; ele saiu do local e se apresentou horas depois em delegacia (Foto: Simão Nogueira/Arquivo)
Coreia dentro de viatura da PM falando ao celular logo depois da abordagem e morte; ele saiu do local e se apresentou horas depois em delegacia (Foto: Simão Nogueira/Arquivo)

O caso – Adriano foi morto por volta das 5h40 do dia 31 de dezembro de 2016. O policial rodoviário federal dirigia um veículo Pajero TR4, enquanto a vítima conduzia a Hilux, onde estavam dois passageiros.

Conforme a denúncia, ao fazer uma conversão à direita na Avenida Presidente Ernesto Geisel, Adriano não percebeu a proximidade com o veículo do acusado e quase provocou um acidente de trânsito. Após uma suposta briga, o PRF atirou pelo menos sete vezes contra a Hilux.

O empresário, que era dono de dois restaurantes de comida japonesa na cidade, foi atingido três vezes, duas no peito e uma no pescoço. Ele perdeu o controle do veículo, bateu em um poste e morreu na hora.

O policial ficou no local do crime e chegou até a discutir com uma das vítimas, mas não foi preso na ocasião, mesmo havendo policiais militares no local.

Moon só foi indiciado em flagrante ao comparecer na delegacia com um advogado e representante da PRF. O policial responde pelo crime em liberdade e alega legítima defesa.

Na plateia, familiares e amigos da vítima, além de apoiadores de Moon (Foto: Marina Pacheco)
Na plateia, familiares e amigos da vítima, além de apoiadores de Moon (Foto: Marina Pacheco)

O júri – O julgamento começou por volta das 8h20 com júri composto por cinco homens e duas mulheres. O juiz Carlos Alberto Garcete calcula quase 12 horas no tribunal, segundo ele, pela experiência de 10 anos e quase 1 mil júris presididos.

Primeiro serão ouvidas testemunhas e depois do réu. Acusação e defesa apresentam seus argumentos e então os jurados se reúnem para entrar num consenso.

A plateia, além da família da vítima, cerca de 70 policiais, que tomaram café da manhã em frente ao Fórum, apoiam o PRF.

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