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Capital

Moradora paga R$ 300 para ter cascalho em rua sem asfalto: “Estamos a Deus-dará”

A aposentada Ivone Moura mora no bairro Coophavila 2 há 33 anos e não se livra da terra

Aline dos Santos e Cleber Gellio | 04/10/2022 11:14
Ivone conta que as condições precárias da rua sem asfalto afastou até os candidatos. (Foto: Cleber Gellio)
Ivone conta que as condições precárias da rua sem asfalto afastou até os candidatos. (Foto: Cleber Gellio)

Moradora há 33 anos na Rua Abadia Jabour, no Coophavila 2, a aposentada Ivone Moura conta que paga R$ 300 para ter cascalho na via em frente de casa, numa tentativa de obter o mínimo de condições de circulação.

Sem asfalto, a enxurrada leva as lascas de pedras depositadas por equipes da prefeitura de Campo Grande. Então, a moradora de 69 anos contrata um rapaz para buscar o cascalho que a chuva arrastou. “Para você ter ideia, ele busca o cascalho no fim da rua, onde o fica amontoado que a chuva leva”, explica.

O terreno íngreme favorece que a enxurrada desça forte. “Estamos a Deus-dará aqui. Não tem área de lazer, infraestrutura e o asfalto é um grande complicador. Nem adianta a gente investir na casa se fica na terra”, lamenta.

Ela conta que as condições precárias da rua sem asfalto afastou até os políticos nesta campanha eleitoral. “Eles só chegam até ao asfalto”, diz. Na busca por pavimentação, há dois anos os moradores até pensaram em se cotizar para obra de asfalto comunitário. “Mas precisava de muitas licenças da prefeitura e ficou inviável”, afirma Ivone.

Helena Balbuena reclama que coleciona fraturas por quedas caminhando nas ruas deterioradas. (Foto: Cleber Gellio)
Helena Balbuena reclama que coleciona fraturas por quedas caminhando nas ruas deterioradas. (Foto: Cleber Gellio)

A moradora Helena Balbuena, 62 anos, traz no corpo os efeitos das vias deterioradas pelo bairro. “Já tive fraturas em três locais diferentes andando pelo bairro. Já fraturei pé esquerdo, punho esquerdo e punho direito. Minha mãe tem 88 anos e não sai de casa por motivo de não ter como transitar”, afirma.

Ela também conta que o nome do bairro nas contas de consumo era Jardim Ouro Verde, mas depois passou a aparecer Coophavila 2, que é asfaltado.

A reportagem questionou a prefeitura se há projeto para asfaltar a rua, mas a dúvida segue em aberto. A Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) informou apenas que o serviço de cascalhamento já está na programação da equipe.

Na última sexta-feira, o Campo Grande News mostrou os percalços enfrentados por moradores no Jardim Los Angeles e Aero Rancho. Campo Grande tem orçamento de R$ 4,7 bilhões m 2022, contudo, é gigante com pés de barro.

 Na cidade, 30% das ruas não têm pavimentação. Em 2020, o total de vias na área urbana atingiu 4.061,50 quilômetros, onde 2.874,00 quilômetros são pavimentadas e aproximadamente 1.187,50 quilômetros são de chão.

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