Morando a três quadras de creche, mãe de 7 está há um ano esperando vaga
Zeneide diz que não conseguiu vaga nem para o filho mais velho, que hoje tem 15 anos
Nem quem mora perto de Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) tem a facilidade e o alívio de conseguir uma vaga para o filho e, assim, poder trabalhar tranquilo. Exemplo disso é a Zeneide Dias, de 43 anos, que precisou pedir demissão do serviço para cuidar do filho mais novo de 1 ano e 4 meses. Ela mora a três quadras do Ceinf Maria Dulce Prata Cançado, no Jardim Noroeste.
No entanto, a história já se estende por anos. Ela tem sete filhos e nunca conseguiu vaga nem para o filho de 15 anos. “Eu sou mãe solteira, não consigo vaga para creche, eu tenho sete filhos. Eu faço a inscrição on-line, vou lá e não tem vaga. Fica só na espera, espera e nada da vaga. Eu moro aqui há mais de 20 anos e nenhum dos meus sete filhos conseguiu acesso à Emei. Eu sempre pagava babá e aí eu cansei, eu trabalhava só para pagar babá", lamenta.
Com isso, ela conta que não sobrava dinheiro para pagar as despesas da casa. “Eu pedi as contas por causa do meu bebê, que não tem ninguém para cuidar. Agora, eu recebo Bolsa Família de 600 reais”, conta.
“Agora está difícil emprego por causa da criança, eles não dão nenhum retorno. Ia me ajudar muito, ia trabalhar tranquila, aí os mais velhos iam buscar na hora da saída", planeja Zeneide.
Fila de espera - No dia 28 de janeiro, a Prefeitura de Campo Grande informou que havia 8.914 alunos aguardando vaga no banco de dados na Semed (Secretaria Municipal de Educação).
De acordo com a Semed, foram disponibilizadas na primeira listagem 6.404 vagas para alunos novos, mas apenas 52% dos pais ou responsáveis legais efetivaram a matrícula dos alunos designados na primeira listagem e 38%, na segunda listagem.
No entanto, a equipe de reportagem solicitou atualização dos dados, mas ainda não obteve retorno.
Nos últimos seis meses, pelo menos 93 famílias tiveram que acionar a Justiça para conseguir vaga em Emei, em Campo Grande. Maior parte das ações tem decisão judicial favorável, mas em poucas há manifestação da prefeitura.