Morta, violentada e deixada na rua: assassino de Carla vai a júri em agosto
Longa lista de crimes mostra a crueldade que jovem sofreu nas últimas horas de vida
Réu confesso do brutal feminicídio da jovem Carla Santana Magalhães, Marcos André Vilalba Carvalho, 22 anos, vai a julgamento no dia 13 de agosto. A decisão do juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri, Aluízio Pereira dos Santos, foi anexada ontem ao processo.
A primeira data do julgamento seria em abril, mas a defesa recorreu para excluir o feminicídio. Contudo, a qualificadora foi mantida pelo TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).
Desta forma, o acusado vai se sentar no banco dos réus para ser julgado por homicídio qualificado por feminicídio, motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima, estupro, vilipêndio e ocultação de cadáver.
A longa lista é o enquadramento dos crimes e mostra a crueldade de que a jovem foi submetida nas últimas horas de vida, além de abusos que não cessaram nem depois da morte. Ele era vizinho da vítima.
O crime – Carla Santana Magalhães desapareceu na noite de 30 de junho do ano passado, no Bairro Tiradentes, em Campo Grande. Seu último registro foi um grito desesperado, chamando pela mãe, antes de desfalecer com o golpe “mata leão” aplicado pelo autor. Sem qualquer pista, a família e os vizinhos fizeram uma força-tarefa para encontrá-la.
A busca terminou em 3 de julho, num cenário trágico: o cadáver da jovem apareceu nu, na calçada de um bar, na mesma rua onde ela desapareceu. No dia 19 de julho, Marcos foi abordado por policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar, que encontraram vestígios de sangue dentro da quitinete onde morava. Responsável pela investigação, a equipe da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios) foi ao local e efetuou a prisão.
Em todo o tempo que foi ouvido, o assassino deu apenas uma suposta motivação: o fato de Carla não tê-lo cumprimentado durante encontro na rua de casa. Somente em juízo, Marcos admitiu o estupro. Ele está preso no Instituto Penal de Campo Grande.
A dona da maior dor - A Justiça também mandou comunicar Evanir Santana Magalhães, mãe de Carla, sobre o agendamento do júri popular. Apesar de toda a comoção provocada pelo crime cruel, é dela a maior dor.
No início de julho, num relato pungente ao Campo Grande News, Evanir contou que segue presa ao dia 30 de junho de 2020, a última data em que esteve com a filha.
“Faz um ano e para mim é como se fosse ontem. Parece que o tempo continua parado. Acho que do jeito que eu era, nunca mais vou ser. Continua do mesmo jeito, aquela dor”.
Carla saiu apenas para comprar café, mas foi vítima de um crime bárbaro e nunca mais vai voltar.