Omertà voltou às origens contra grupo que causou “avalanche” na vida de vítimas
Nome desta etapa da força-tarefa faz alusão a um das “especialidades” de organização criminosa, a agiotagem
A quinta fase da Omertà voltou ao ponto de partida nesta quarta-feira (7), mas em ofensiva contra outra “especialidade” de organização criminosa, na mira desde maio de 2019: a agiotagem. A "Snowball", bola de neve em inglês, está relacionada à “avalanche” causada na vida de empresário de Campo Grande, o proprietário de imóvel no Bairro Monte Líbano, onde no mês 5 do ano passado, houve a apreensão de verdadeiro arsenal de guerra, o estopim para as investigações que foram a “derrocada” dos Name.
O próprio nome desta etapa da força-tarefa faz alusão ao modus operandi dos principais alvos da Omertà: a cobrança de juros sobre juros mediante ameaça, fazendo com que a dívida só aumente, como uma bola de neve montanha abaixo, apurou o Campo Grande News.
Foi o que diz ter vivido José Carlos de Oliveira, o dono da casa. Em outubro do ano passado, em depoimento ao Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestro), ele revelou como conheceu Jamil Name Filho, como se endividou e “perdeu” imóveis para os acusados de liderar milícia armada atuante em Campo Grande.
Para a força-tarefa, José Carlos é vítima de extorsão, pois narra ter entregado a residência do Monte Líbano sob ameaça de morte. A operação pediu o bloqueio de R$ 7 milhões em bens dos Name. O objetivo, conforme apurou a reportagem, é garantir futuro ressarcimento do empresário.
Fio da meada – Para a investigação, o paiol da organização criminosa liderada por Jamil Name e Jamilzinho ficava na casa localizada na Rua José Luís Pereira, no Monte Líbano. O local foi descoberto no dia 19 de maio de 2019, após a prisão de Marcelo Rios, até então guarda municipal.
Flagrado com carregador de pistola com capacidade para 30 munições, ele levou policiais do Garras e a três endereços, um deles, o imóvel onde policiais encontraram armas de grosso calibre.
No local, foram apreendidos dois fuzis modelo AK 47 calibre 76, quatro fuzis calibre 556, uma espingarda calibre 12, uma espingarda calibre 22, 17 pistolas, um revólver calibre 357 e muita munição.
Em depoimento, Marcelo revelou trabalhar para a família Name, como segurança particular. E, a partir daí, o Garras começou a investigar uma série de execuções na Capital cometidas com armas pesadas, até a deflagração da primeira fase da Omertà, que prendeu pai e filho, no dia 27 de setembro do ano passado.
A casa – A ação em que José Carlos de Oliveira acusa Jamil Name de agiotagem e pede indenização de R$ 5,3 milhões tramita na 15º Vara Cível de Campo Grande. O processo aguarda a intimação de Name, que está na penitenciária federal de Mossoró (Rio Grande do Norte).
De acordo com o advogado Rhiad Abdulahad, José Carlos está com a posse do imóvel, mas a defesa ainda busca a anulação da transferência da titularidade para o nome de Name. Segundo o advogado, José Carlos, que chegou a ir embora do Estado após ameaças, está com problema de saúde e tem medo de retaliação.
Snowball – Na manhã desta quinta-feira (7), Garras e Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) também foram às ruas de Campo Grande para cumprir 5 mandados de prisão preventiva e 4 de busca e apreensão. Endereços ligados ao vereador Ademir Santana (PSDB) foram vasculhados.