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Capital

Operação contra o PCC já revelou pagamentos para criminosos em joias

Investigações do Gaeco apontaram o pagamento de carregamentos de armas feitos pela facção paulistas com joias

Geisy Garnes | 26/06/2018 11:33
Operação Paiol aconteceu no dia 12 de junho, com apoio do Bope e do Batalhão de Choque da Polícia Militar (Foto: Geisy Garnes)
Operação Paiol aconteceu no dia 12 de junho, com apoio do Bope e do Batalhão de Choque da Polícia Militar (Foto: Geisy Garnes)

Investigações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) durante a Operação Paiol - que tinha como alvo integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital - já revelavam o uso de joias e até pedras preciosas, no pagamento de droga e armas para a facção em Mato Grosso do Sul.

Nesta segunda-feira (25), a Operação Laços de Família, deflagrada pela Polícia Federal, revelaram a ação de uma família com uma das principais fornecedoras de maconha para facções. Em troca, a quadrilha recebia valores milionários, joias e até carros como pagamento pela mercadoria.

Já nas investigações do Gaeco, o pagamento “incomum” foi flagrado em ligações entre o boliviano Dagner Saul Aguilar, 40 de anos, conhecido como “Pacho” e uma interna do Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi”, identificada como Odete Xavier Castello, de 41 anos.

Pacho é apontado como um dos principais fornecedores de droga para integrantes do PCC na fronteira de Corumbá e ainda um dos maiores receptadores de veículos roubados e furtadas da região.

Foi através de conversas telefônicas de Pacho que os investigadores do Gaeco identificaram Odete Xavier Castello. As ligações gravadas durante a operação mostram negociações de armas e drogas, principalmente cocaína, entre a dupla, mesmo com a mulher presa há três anos.

Segundo as investigações, Odete encomendava cargas de droga com Pacho e ainda contratava “mulas” para trazer a mercadoria de Corumbá para Campo Grande. Os pagamentos eram feitos pela filha da interna, que depositava o dinheiro direto na conta do boliviano a pedido da mãe.

Em uma das conversas, a dupla de traficantes fala de um terceiro integrante da facção e expõe a compra de armas para o PCC com “pedras preciosas e joias”. Pacho detalhe que é o responsável por fornecer os “brinquedos” na região de fronteira e Odete conta que o “irmão” de facção deve milhões aos compradores.

Para o Gaeco, mesmo presa a mulher intermediava a venda de armas de grosso calibre em Mato Grosso do Sul, juntamente com Pacho, para compradores da região de São Paulo, que também fazem pagamento em ouro e pedras preciosas.

As investigações flagraram a tentativa de compra uma arma .50. Por telefone ela pergunta quem teria como vender o armamento e pede fotos da “mercadoria”. Em outra ligação, ela pede para que Pacho encontre um arma a pedido de um cliente e afirma que precisa ser exatamente da marca que o “cliente” pediu. Mais uma vez ela pede fotos e determina que as imagens sejam enviadas no período da noite.

No relatório o Gaeco afirma que além de comprar cocaína de Pacho, Odete usa os filhos - um deles preso por tráfico de drogas - para vender os entorpecentes em bocas de fumo de Corumbá. A presa ainda pratica o tráfico dentro do presídio, onde já foi flagrada três vezes com drogas, enquanto trabalhava na cozinha.

Operação Laço de Família resultou na apreensão de 27 toneladas de maconha (Foto: Divulgação PF)
Operação Laço de Família resultou na apreensão de 27 toneladas de maconha (Foto: Divulgação PF)
Subtenente Silvio César Molina Azevedo foi apontado como liderança do grupo (Foto: Reprodução Facebook)
Subtenente Silvio César Molina Azevedo foi apontado como liderança do grupo (Foto: Reprodução Facebook)

Joias e carros - A Operação Laços de Família, deflagrada ontem pela PF (Polícia Federal) em cinco estados brasileiros, revelou o esquema de pagamento de cargas de maconha em joias e carros. O núcleo do esquema de tráfico internacional de drogas ficava em Mundo Novo - a 476 quilômetros de Campo Grande.

Com características de máfia e com forte vínculo com o PCC, a maior facção do Brasil, a quadrilha passou a ser investigada em 2015. De acordo com o superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul, Luciano Flores de Lima, os líderes são da mesma família e mantinham o terror na região de Mundo Novo.

Um dos líderes do esquema foi identificado como o subtenente da Polícia Militar, Silvio César Molina Azevedo. O grupo usava a região cone sul do estado para retirar toneladas de maconha do Paraguai e enviar para outros estados do país. O transporte da droga era feito em caminhões e carretas bitrem, por rodovias estaduais e federais. Durante as investigações 11 veículos de carga e uma carreta foram apreendidos.

Ainda conforme a polícia, a família também “trabalhava” com a venda de cigarro e armas. Sem ter como repassar todo o valor da carga, os traficantes pagavam parte da droga em joias e veículos.

Em um dos casos, um helicóptero chegou a ser usado para entregar R$ 300 mil em dinheiro e mais R$ 80 mil em joias para a família do Policial Militar. A aeronave acabou sendo interceptada com o piloto Felipe Ramos Moraes, apontado como coordenador das rotas de tráfico aéreo do PCC.

Nesta segunda-feira (25), policiais da PF cumpriram 210 mandados de prisão, apreensão e sequestro de bens. Até o fim da manhã, 21 pessoas haviam sido presas, 15 delas em Mato Grosso do Sul – 2 mulheres e 12 homens, sendo 2 presos temporários e 10 homens presos preventivamente.

Paiol – Equipes da Polícia Militar e do Gaeco foram às ruas no dia 12 de junho e cumpriaram 27 mandados de prisão preventiva e 12 mandados de busca e apreensão durante a Operação Paiol. O nome da operação faz alusão à nomenclatura utilizada pelo PCC para o setor de armas.

A operação cumpriu mandados de prisão contra internos no Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande, na PED (Penitenciária Estadual de Dourados), no Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi” e em endereços de Campo Grande e Nova Andradina.

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