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Cidades

Presídio Federal, onde polícia cumpre mandado, já abrigou fundador do PCC

José Márcio Felício, um dos fundadores do PCC (Primeiro Comando da Capital) conhecido como Geleião, é um dos alvos da Operação Echelon e passou temporada na Capital

Anahi Zurutuza e Geisy Garnes | 14/06/2018 13:12
Presídio Federal de Campo Grande (Foto: Pedro Peralta/Arquivo)
Presídio Federal de Campo Grande (Foto: Pedro Peralta/Arquivo)

José Márcio Felício, um dos fundadores do PCC (Primeiro Comando da Capital) conhecido como Geleião, é um dos alvos da Operação Echelon, deflagrada pela Polícia Civil de São Paulo em 14 unidades da federação, incluindo Mato Grosso do Sul. Um dos mandados de prisão preventiva expedidos para o Estado tem como endereço o Presídio Federal de Campo Grande, onde o criminoso passou uma temporada.

A polícia ainda não divulgou o nome do interno da penitenciária federal que tem contra si um mandado de prisão preventiva e por enquanto, muitas informações são mantidas em sigilo. Mas, esta é segunda operação em uma semana que vai parar na unidade.

A operação para desarticular o PCC tem o objetivo de “prender” 75 integrantes do PCC, sete são chefes da facção. Geleião, que foi deposto do cargo de comandado da organização, também está na mira, conforme investigou o Campo Grande News.

Já na terça-feira (12), o Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) foi parar no pre presídio federal, durante a Operação Paiol, cujo objetivo era desarticular braço do PCC comandado por José Cláudio Arantes, conhecido como Tio Arantes. Um dos mandados de prisão preventiva também teve como alvo interno do estabelecimento penal.

Maio de 2003, São Paulo: José Márcio Felício, o Geleião (à esq.), conversa com o então promotor Marcio Sergio Christino (Foto: Reprodução de vídeo divulgado pelo site Uol)
Maio de 2003, São Paulo: José Márcio Felício, o Geleião (à esq.), conversa com o então promotor Marcio Sergio Christino (Foto: Reprodução de vídeo divulgado pelo site Uol)

Vida bandida – Preso desde os 18 anos, José Márcio Felício tem hoje 57 anos e foi “hóspede” da unidade do sistema carcerário nacional em Campo Grande de outubro de 2016 até não se sabe exatamente quando.

A reportagem também apurou que o criminoso ocupou ala separada para “réus colaboradores” e esteve na Capital porque o presídio daqui é um dos únicos da rede federal com setor específico para abrigar presos que por terem se tornado delatores acabam jurados de morte.

O Campo Grande News também apurou que Geleião foi transferido para a Penitenciária Estadual de Iaras - distante 282 km da capital paulista. Ele cumpre pena por homicídios.

José Márcio é o único fundador vivo do PCC, facção que surgiu na década de 1993, quando o preso se uniu a outros sete da Casa de Custódia de Taubaté com a ideia de comandar a cadeia. A “confraria de presos” tinha “um objetivo claro: evitar uma repetição do massacre do Carandiru, ocorrido menos de um ano antes”, publicou a Veja em reportagem no dia 30 de setembro de 2016.

Ele é arquirrival de Marcos Willians Herbas Camacho, 49, conhecido como Marcola ou Playboy, que “se consolidou na última década e meia como líder da maior facção criminosa brasileira”, consta em matéria do jornal El País sobre a história do PCC. A ascensão foi depois que delatou Geleião para a Polícia Civil de São Paulo.

José Márcio foi expulso da facção em 2002, quando “encurralado e sem controle nenhum sobre a organização que ajudou a criar, Geleião não viu outra alternativa a não ser assinar um acordo de delação premiada com as autoridades em 2002”, continua a reportagem batizada “Marcola, a traição e morte que rondam seu caminho rumo ao topo do PCC” do jornal de repercussão nacional publicada no dia 28 de novembro de 2017.

Ele fundou depois o TCC (Terceiro Comando da Capital).

Viatura da Polícia Civil de São Paulo deixando o presídio de segurança máxima de Campo Grande (Foto: Saul Schramm)
Viatura da Polícia Civil de São Paulo deixando o presídio de segurança máxima de Campo Grande (Foto: Saul Schramm)

A operação – Após 12 meses de investigação, foi descoberto como a cúpula do grupo mantinha contato com bandidos em outros Estados, atuando nos tráficos de armas e drogas.

A polícia de São Paulo foi acionada quando pedaços de manuscritos foram encontrados nos esgotos do Presídio de Segurança Máxima de Presidente Venceslau (SP) por agentes penitenciários. Após a identificação de sete líderes da organização, a equipe policial descobriu a existência da célula “Sintonia de Outros Estados e Países”.

O grupo investigado, segundo a Polícia Civil de São Paulo, é responsável por acirrar a disputa de facções no Brasil, além de envolvimento em homicídios e desaparecimentos de pessoas.

No primeiro semestre deste ano, pelo menos seis pessoas foram julgadas pelo "tribunal do crime" do PCC e condenadas à morte em Mato Grosso do Sul, três pessoas foram decapitadas.

De acordo com o delegado do Dise (Divisão de Investigações Sobre Entorpecentes) de SP, Celso Marques Caldeira, no Estado, são alvos da operação além do detento da penitenciária federal, Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, o presídio de segurança máxima de Campo Grande, do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, na PED (Penitenciária Estadual de Dourados) e da cadeia de Naviraí. Também há mandados de busca e apreensão em Coronel Sapucaia e Nova Andradina.

De acordo com reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, publicada no começo deste mês, o PCC tem faturamento estimado de, no mínimo, R$ 400 milhões por ano. Alguns policiais acreditam que esse número pode chegar a cerca de R$ 800 milhões, o que colocaria a facção entre as 500 maiores empresas do País.

A operação denominada Echelon, que significa "atacar em ondas".

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