Página que seria de adolescente satiriza prisão de policiais militares
Postagem feita em uma página da rede social Facebook, que supostamente pertence ao adolescente de 15 anos que denunciou três policiais à Corregedoria da Polícia Militar, alegando ter sido agredido por eles, circula em conversas do aplicativo WhatsApp nesta sexta-feira (21). Uma publicação diz: “prender polícia é a nossa meta”, dando a entender que o menor estava fazendo uma sátira das prisões dos PMs, na terça-feira (19).
A frase é semelhante a um trecho da música “Apologia” de MC Daleste, assassinado em cima do palco em que cantava no dia 7 de Julho de 2013, em São Paulo. Trecho da letra diz: “Matar os policia é a nossa meta. Fala pra nois quem é o poder. Mente criminosa, coração bandido. Sou fruto de guerras e rebeliões. Comecei menor já no 157, hoje meu vício é roubar, profissão perigo. Especialista formado na faculdade criminosa”. Até agora, a polícia não encontrou quem teria feito os disparos contra o cantor.
A frase foi excluída da página após a repercussão. Mas, outras publicações de trechos de músicas ainda aparecem: “Vivendo nesse mundo louco”. Outra cita: “Aqui nós te dá trabalho, igual livro de matemática”. Uma imagem do rapper Snoop Dogg fumando um suposto cigarro de maconha e a frase embaixo dizendo “polícia da universal” foi postada.
O dono da página negou ser ele o menor envolvido no caso. Em conversa por meio do próprio Facebook, disse que o nome completo dele é diferente da identificação do adolescente que supostamente foi agredido pelos policiais.
Disse ainda que não sabe como a postagem foi parar em sua rede social e porque estão o associando ao menor do caso. “Não foi eu que fiz isso. Juro por tudo que é mais sagrado, não faço ideia de como isso parou ali. Foi alvo de algum tipo de racker”, afirmou. Ele disse que vai à polícia para resolver este mal entendido.
Entendo o caso - Três policiais miliares da Força Tática do 1º Batalhão da PM foram presos pela Corregedoria da corporação, em flagrante, após perseguição a a dois homens em uma motocicleta, na tarde de terça (19), no Jardim Imá, em Campo Grande. Os PMs foram autuados por lesão corporal dolosa e encaminhados para o Presídio Militar, após denúncia de terem agredido um dos perseguidos na ocasião, um adolescente de 15 anos.
A família do adolescente denunciou a abordagem e, segundo a versão dele, depois da perseguição, desceu da moto e estava a pé, quando quatro policiais o encontraram, o levaram para uma casa abandonada e três deles teriam o agredido com socos, chutes, tapas e enforcamentos para que dissesse onde mora o motociclista que fugiu. Ele deu seu próprio endereço e, ao chegar próximo de sua casa, gritou aos pais por socorro.
Alegou ainda que, neste momento, o camburão saiu com ele e seus pais, sem seguida, seguiram o veículo. Depois, ainda segundo o menor, os policiais deixaram-no a pé num local distante.
Já os policiais disseram à Justiça que estavam procurando o adolescente que estava em uma moto e desobedeceu ordem de parada. Depois, eles não o encontraram mais. Os militares disseram que “é uma surpresa a denúncia de que eles maltrataram o jovem”.
Ontem, no período da manhã, vários policiais estiveram em frente ao Forúm, onde acontecia a audiência, em forma de manisfestação contra as prisões. A tarde, cerca de 30 deles também fizeram uma espécie de vigília na expectativa da liberação dos PMs. Enquanto isso representantes da ACS (Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar) foram ao TJ (Tribunal de Justiça), onde tentaram reverter as prisões preventivas.
Agora, os advogados dos PMs tentam habeas corpus no TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).