Para especialista, prova de aptidão física dos Bombeiros e PM foi insalubre
Provas do TAF foram realizadas na última semana para o processo seletivo de novos militares
Alto risco para a saúde. O perito judicial Albertoni Martins, de 43 anos, é especialista em calor e radiação ultravioleta. Para ele, as provas do TAF (Teste de Aptidão Física) da última semana, que faz parte da seleção dos novos bombeiros e policiais militares, foram insalubres. Várias pessoas passaram mal e um candidato faleceu.
Albertoni ainda ressalta que faltou na banca de organização da prova, a Idecan (Instituto de Desenvolvimento Educacional, Cultural e Assistência Nacional), uma pessoa responsável por monitorar as condições de tempo e temperatura. Segundo o perito, alguém tinha de alertar que não era recomendado fazer prova nos horários mais críticos do dia. "Faltou alguém dizer que agora está muito quente, vai ter que parar a prova".
Em analogia, o perito destacou que os candidatos se assemelham aos trabalhadores da construção civil que estão sob o sol. "Existe uma lei que eles têm que trabalhar 45 minutos e descansar 15 em uma área coberta e com hidratação", explicou Albertoni.
Não tinha condições de ser realizada nesse tempo, é uma situação que fornece risco para as condições humanas", exaltou.
A umidade relativa média de Campo Grande desde o dia 30 de julho foi de 43,16%, conforme dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). Mas o ideal para exercícios pesados, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), é de 60%.
O perito montou nesta terça-feira (8), por volta das 14h, termômetro que afere as condições de tempo e temperatura próximo à Concha Acústica Helena Meirelles, no Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande.
A temperatura aferida era de 30ºC e a umidade do ar marcava o índice de 29%. Segundo ele, sem fazer exercício físico, as condições no sol já eram prejudiciais à saúde. Ainda conforme cálculo do perito, uma pessoa normal já sentiria os efeitos correndo 10 segundos no local.
Dependendo do calor, o metabolismo de pessoa para pessoa funciona de forma diferente. É preciso avaliar, mas ele afeta as condições da prova. Por isso eu a considero insalubre", contextualizou.
Consulta à Idecan - A reportagem do Campo Grande News consultou a Idecan, responsável pela prova, para saber se tinha algum profissional responsável por monitorar as condições de tempo da prova. Até o momento de publicação, não houve resposta acerca das críticas pontuadas pelo perito.
Em nota anterior, o Instituto disse que "para participar do TAF, todo candidato é obrigado a apresentar atestado médico e exames assinados por profissionais de saúde de sua confiança. Há mais de 40 dias, o Idecan disponibilizou o cronograma para a preparação dos candidatos, que deveriam percorrer 2.400 metros em 12 minutos para serem aprovados, conforme prevê o edital elaborado pela comissão do concurso.
O objetivo do teste é selecionar profissionais com capacidade física mínima para atuarem no cotidiano da segurança pública. Nos dias dos testes, a banca dispõe de tendas com cadeiras e água para abrigar os participantes que aguardam o exame. O mais importante: duas ambulâncias com equipes médicas ficam estrategicamente posicionadas nas extremidades da pista para prestar os primeiros socorros".
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