Pelo 2º ano, funcionários denunciam falta de 13º salário na Clínica Carandá
Funcionários também denunciam estar há meses sem receber salários e FGTS
Funcionários da Clínica Carandá – Unidade II, localizada na Avenida Gury Marques, no Jardim Santa Felicidade, em Campo Grande, denunciam estar há meses sem receber salários, FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e a primeira parcela do 13º salário. A denúncia foi feita nesta segunda-feira (9) por trabalhadores que preferiram não se identificar, por receio de represálias.
Entretanto, a clínica realizou novas contratações, incluindo admissões em novembro. Além disso, conforme já noticiado, em agosto deste ano, a Clínica Carandá anunciou vagas para técnicos de enfermagem. No entanto, a falta de pagamentos já tem impactado até mesmo os recém-contratados.
Segundo uma funcionária, algumas pessoas estão há três meses sem salário e seguem preocupadas com as contas de final de ano. "É uma situação inacreditável. Principalmente a enfermagem está levando a clínica nas costas: sem pagamento, sem FGTS, sem 13º. Uns recebem R$ 1.000, outros R$ 700, e muitos não recebem nada", relatou.
Ela destaca que os funcionários mais antigos são os mais afetados, enquanto os novos costumam receber os pagamentos nos primeiros meses, mas depois enfrentam atrasos. "Os novatos dizem que nos dois primeiros meses recebem em dia, mas, depois disso, os atrasos começam", afirmou.
Em julho deste ano, a Associação Filantrópica Acácia Morena, localizada no bairro Piratininga, também foi denunciada por atrasos salariais. Funcionários relataram que ficaram quatro meses sem receber salários, remuneração de férias e FGTS. A associação mantém uma escola infantil e é dirigida por Etalivio Fahed Barros e Ricardo Ricarte de Oliveira, que também são proprietários da Clínica Carandá.
A reportagem tentou contato com a Clínica Carandá por meio de ligação e WhatsApp oficial da clínica, por volta das 15h48 desta segunda-feira, para obter informações sobre a previsão de pagamento dos salários atrasados, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria.
Em uma ligação telefônica realizada por volta das 16h43, a recepção informou que a direção não estava no momento, mas que "a demanda seria repassada aos superiores". O espaço permanecerá aberto para futuros pronunciamentos da gerência da clínica.
Atrasos recorrentes - Essa não é a primeira vez que o Campo Grande News noticia a falta de pagamento de salários. Em dezembro do ano passado, funcionários da clínica também denunciaram que até o dia 21 de dezembro de 2023 não haviam recebido o salário do mês nem o 13º. Ao menos 50 pessoas estariam nessa situação, segundo relato de uma empregada que procurou a reportagem na época.
Já em julho deste ano, o Coren-MS (Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul) determinou a interdição parcial da Clínica Carandá – Unidade II, limitando o funcionamento ao quantitativo de 50% dos profissionais de enfermagem.
A medida foi tomada após o descumprimento de um TAC (Termo de Ajuste de Conduta), firmado em 2023, que exigia a regularização do deficit de profissionais no estabelecimento.
De acordo com a decisão, deveriam ser contratados um enfermeiro e seis técnicos de enfermagem, sendo dois para plantões diurnos, dois para plantões noturnos e dois para cobrir o índice de segurança técnica. O procurador-geral do Coren-MS, Douglas da Costa Cardoso, explicou que esses últimos seriam designados para substituir profissionais em férias ou afastados por atestado médico.
Segundo nota oficial divulgada pelo conselho em agosto deste ano, a clínica vinha postergando as decisões há muito tempo, o que levou à aplicação de uma medida mais drástica. “Há riscos para os profissionais, que trabalham com escalas impraticáveis, condições insalubres e falta de recursos tanto para os pacientes quanto para eles”, declarou o presidente do Conselho, Leandro Dias.
A nota também havia destacado que a instituição deve apresentar documentação comprobatória de que os ajustes foram realizados ou de que novas condições de trabalho serão implementadas.
“Quando o profissional trabalha de forma insalubre ou irregular, é nosso dever agir. Esperamos que a clínica ajuste o mais rápido possível as condições de trabalho e que nossos profissionais possam retornar às suas funções de forma tranquila”, disse Leandro.
Importante relembrar que em dezembro de 2022, a clínica acumulava 94 processos na Justiça do Trabalho devido a atrasos constantes nos pagamentos de salários e rescisões. A clínica também enfrentava uma crise financeira, conforme noticiado pelo Campo Grande News na época.
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