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Capital

Pelo direito de visita presencial, mães e mulheres de presos protestam

Cerca de 30 mulheres, entre esposas e mães de presos, protestaram em frente à Agepen na manhã de hoje

Paula Maciulevicius Brasil e Bruna Marques | 25/06/2021 12:10
Mulher de preso protesta pelo direito da visita. (Foto: Henrique Kawaminami)
Mulher de preso protesta pelo direito da visita. (Foto: Henrique Kawaminami)

"Queremos visita presencial. É nosso direito". "Preso também é gente, mais humanidade, já estão pagando pelos seus erros". Essas eram algumas das frases escritas em cartolinas e erguidas pelas mães e mulheres de presidiários da Capital.

Na manhã desta sexta-feira (25), os familiares se reuniram em frente à Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), na Rua Santa Maria, no Bairro Monte Castelo, em Campo Grande. O objetivo era o de pressionar para conseguir o retorno das visitas presenciais aos presídios, que está suspensa por conta da pandemia.

Com cartazes, familiares pedem a volta da visita, suspensa por conta da pandemia. (Foto: Henrique Kawaminami)
Com cartazes, familiares pedem a volta da visita, suspensa por conta da pandemia. (Foto: Henrique Kawaminami)

Todas as personagens pediram para não serem identificadas, mas conversaram com a reportagem sobre o motivo de estarem ali. "Engraçado né, rolê tá liberado, mas visita não pode? Por mais que eles erraram, queremos a visita de volta, é um direito deles", defende a dona de casa de 30 anos, casada com um presidiário de 22 que está no Instituto Penal de Campo Grande.

A mulher fala que não consegue saber se o marido está bem e se precisa de alguma coisa. "Uma vez por mês só que deixam a gente levar uma pasta de dente, dois sabonetes e um sabão em barra", conta.

O desejo dela é o de poder visitar o marido pelo menos uma vez por mês. Os dois estão juntos há dois anos e tiveram um bebê, mas a recém nascida morreu aos 12 dias de vida.

Amor de mãe: mulher fala da saudade e também da revolta de não poder ver o filho preso. (Foto: Henrique Kawaminami)
Amor de mãe: mulher fala da saudade e também da revolta de não poder ver o filho preso. (Foto: Henrique Kawaminami)

Uma das responsáveis pela organização, uma estudante de 28 anos, diz que o marido, de 32 anos, está preso na Penitenciária de Segurança Máxima da Capital. Juntos há uma década, eles têm dois filhos de 3 e 1 aninho.

"Está tendo uma reunião da comissão disciplinar onde vai decidir se a visita volta ou não. Há um mês conversamos aqui e ficaram de nos dar uma resposta. Não deram, e hoje viemos cobrar pessoalmente", explica.

A estudante fala que em um ano e quatro meses conseguiu visitar o marido apenas três vezes, entre os meses de novembro e dezembro. "Mas sem poder levar comida nem nada. Se os agentes já estão imunizados, por que não podemos entrar?", questiona.

Também esposa de um preso, uma mulher que é autônoma e tem 24 anos, fala que na pandemia todo mundo tem tido o direito de ficar em casa com as famílias, só os presos que não puderam. "Eles já estão pagando pelo erro, mas isso de proibir de ter contato com a família fica muito difícil, eu não sei se ele está bem ou não", descreve.

Entre as mulheres, estavam duas mães de presos que sentem a saudade e a revolta. Empregada doméstica de 50 anos, o filho de 26 está no Instituto Penal e só ela que cruzava os portões do presídio para visitá-lo.

Familiares esperam resposta da Agepen pela volta da visita presencial. (Foto: Henrique Kawaminami)
Familiares esperam resposta da Agepen pela volta da visita presencial. (Foto: Henrique Kawaminami)

"É um direito de toda mãe ver o filho e um direito que eles também têm de ver a gente. Eu nunca passei a mão na cabeça não, mas dói muito ficar sem vê-lo. Sinto muito a falta dele", diz.

Essa mesma senhora tem outro filho de 31 anos que também está preso no interior do Estado e há 10 anos eles não se veem. "Tem que trabalhar, né? Não tem como eu ir vê-lo. É muito triste, eu choro todos os dias pedindo a Deus proteção".

A outra mãe, de 54 anos, tem o filho condenado por um crime que ela fala ser ele o culpado. O rapaz de 31 anos é obeso e tem sérios problemas de saúde e foi transferido para o fechado da Gameleira.

"Só falei com ele duas vezes e por videoconferência e foram oito, 10 minutos. Ele tem um filho de 5 anos que também sente muito a falta dele. Estamos sofrendo muito", diz.

Agepen - O diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, recebeu no final da manhã duas representantes para tratar sobre as visitas. Em nota, a agência informou que a direção reforçou o cenário de pandemia e que se faz necessário manter a suspensão neste momento.

"Foram devidamente informadas sobre o cenário atual de saúde nos municípios do estado em relação à contaminação da Covid-19, bem como, a necessidade de manter a suspensão das visitas neste momento, com foco na prevenção à saúde de todos os envolvidos", enfatizou a Agepen.

O órgão também destacou que a suspensão em vigor foi publicada em Diário Oficial do Estado e segue até o dia 28 de junho, podendo ser prorrogada.  A cada 15 dias é feito um estudo técnico junto aos órgãos ligados à saúde, de execução penal e de justiça criminal sobre as providências necessárias a serem adotadas.

*Matéria editada às 14h para acréscimo do posicionamento da Agepen. 

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