Permitido ou obrigatório? Condutores fazem confusão em novo corredor de ônibus

Após dois anos de obras na Rua Brilhante, hoje (18), a inauguração do primeiro corredor de ônibus de Campo Grande vem acompanhada de dúvidas, mas também o fim de uma curiosidade sobre como será o embarque.

Os passageiros não reclamam, perceberam que os ônibus estão transitando mais rápido e sentem-se seguros ao descer da estação com o pé na faixa para atravessar a rua. Mas quem fica ali o dia todo vendo o movimento ainda quer mais sinalização, apesar de placas grandes com orientações sobre as mudanças.

Passageiros - A faixa de pedestres bem ao lado das estações de embarque, que substituem os conhecidos “pontos de ônibus”, é o que mais agradou. A operadora de caixa Neide Durães, de 57 anos, que desceu ali hoje cedo, achou tudo ótimo.

Por enquanto, está legal. A minha preocupação era com os idosos, mas instalaram grades ao lado da estação de embarque e quando a gente sai, já está na faixa de pedestres para atravessar. Acho que não vai ter problema”, comentou Neide.

Do Bairro Noroeste, a auxiliar de limpeza Marciléia Antunes, de 44 anos, achou “muito esquisito” o corredor do lado esquerdo, mas hoje entendeu como funciona.

“Acho que vai funcionar bem porque a estação de embarque está do lado da faixa para a gente atravessar a rua. Agilizou para o ônibus. Hoje, já veio bem mais rápido, porque não parou com o trânsito. Agora, só precisa ter mais linhas nos bairros”, disse.

As reclamações são pontuais, principalmente, de quem tem medo de ser diretamente impactado, como dono de posto de combustíveis que chegou a mover ação na Justiça para tentar impedir a construção da estação de embarque bem na frente do local, lembra Evandro Ferreira, de 34 anos, comenta a expectativa de mais acidentes.

“Os clientes vão deixar de entrar no posto se tiver três ônibus parados. O cliente não vai ficar esperando para entrar no posto e se ele estiver na outra faixa e ficar esperando vai atrapalhar o trânsito dos carros. Agora, vamos ver como vai ser, mas é certeza que vai cair nosso movimento de clientes”, diz.

Como virar à esquerda - Há placas informando que ambulâncias e condutores que vão entrar em residências ou em comércios podem entrar no corredor.

A dúvida é que a mesma placa não indica que é obrigatório pegar a faixa do ônibus para virar à esquerda, mas a Agetran esclarece que sim. Conforme o CTB (Código de Trânsito Brasileiro), é infração grave fazer conversão à esquerda pela faixa do meio é proibido, mesmo nos cruzamentos que têm estação de embarque.

O gerente comercial Hernanes Ribeiro, de 45 anos, parou no posto para abastecer nesta manhã e tentou decifrar a situação do "permitido" e "obrigatório".

“Tem uma placa, mas não está clara e já vi gente virando errado à esquerda pela faixa do meio. Se não entrar e quiser converter da faixa do meio, vai ter acidente, como já tem todos os dias aqui. Tem que ter uma sinalização mais clara ou tornar essas vias de esquina com estação de embarque em mão única, sem conversão à esquerda”, opina Hernanes.

Mão dupla - Há cinco anos na esquina da Rua Brilhante com a Dr. Mário Quintanilha, o proprietário de uma loja de materiais de construção, Edson Rosa Pires, de 49 anos, também acredita que o sentido das vias transversais à Brilhante, onde tem estação de embarque, terão que mudar.

“Um carro quase invadiu nosso comércio. Se não batesse no nosso carro, ia entrar na loja. Eles tinham que tornar esses cruzamentos onde tem estação de embarque em mão única", sugere. "Chegaram a colocar placa aqui que ia ser mão única, mas voltaram atrás e ficou até a placa ali de que não pode seguir adiante, mas pode sim, é mão dupla. Pode ou não pode seguir? Está confuso”, comenta.

Fiscais estão no local e observam o trânsito. Na calçada do lado direito, eles parecem mais atentos à questão do estacionamento irregular na faixa do ônibus. Quem parar ali está sujeito à multa a partir de hoje.

Além de diversos agentes de trânsito que ficarão na rua constantemente, o diretor-presidente da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Janine de Lima Bruno, esteve no local pela manhã e reforçou que a prefeitura não tem dúvidas quanto ao bom funcionamento do corredor de ônibus.

“É normal quando a gente tira alguém da zona de conforto ter alguma resistência, mas não temos dúvidas de que o corredor funciona muito bem e, aos poucos, os condutores vão se acostumando. O importante é observar bem a sinalização. Hoje, já tem fiscais na via e a fiscalização será permanente”, disse.

Sobre os cruzamentos, o diretor-presidente da Agetran diz que existem outras placas de sinalização que deixam claro para o condutor a forma correta para conversão à esquerda.