ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
DEZEMBRO, SEGUNDA  23    CAMPO GRANDE 25º

Capital

PF indicia 12 pessoas por desvio de dinheiro da obra do aterro sanitário

Inquérito foi finalizado no dia 21 deste mês, conforme divulgou a corporação hoje

Anahi Zurutuza | 24/10/2016 15:36
Lixão de Campo Grande; aterro foi construído para substituir depósito irregular (Foto: Pedro Peralta/Arquivo)
Lixão de Campo Grande; aterro foi construído para substituir depósito irregular (Foto: Pedro Peralta/Arquivo)

Quatro anos depois do início da operação do aterro sanitário, a Polícia Federal concluiu inquérito que investigava irregularidades na obra e indiciou 12 pessoas por suposto desvio de dinheiro público. Para a PF, a investigação evidenciou que o grupo praticou ainda crimes de corrupção, formação de quadrilha, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.

Conforme divulgou nesta segunda-feira (24) a assessoria de imprensa da PF, os nomes dos indiciados não serão revelados, pois a apuração correu em sigilo.

A polícia concluiu que a obra do aterro foi superfaturada e que, para desviar recursos, o grupo que participou do esquema criminoso utilizou materiais de qualidade inferior àqueles que foram pagos pelo poder público.

O aterro começou a ser construído em 2006, mas os trabalhos paralisaram em 2008 e somente foram retomadas em 2012, segundo a PF, depois que a concorrência nº 66/2012, que escolheu o consórcio que hoje explora o serviço de coleta de lixo em Campo Grande, foi finalizada.

A obra foi executada pela Anfer Construções e Comércio Ltda. e estava orçada em R$ 3,2 milhões na época. Os recursos para a construção eram da Funasa (Fundação Nacional de Saúde).

Coleta de lixo – Além da construção do aterro, a polícia também investigou o processo licitatório para a contratação de grupo empresarial que assumiria a coleta de lixo em Campo Grande a partir de 2013. A concorrência foi lançada pela Prefeitura da Capital em 2012 e vencida pelo consórcio CG Solurb, formado por empresas que foram alvo da Operação Lama Asfáltica, força-tarefa que mobilizou a PF, a CGU (Controladoria-Geral da União), a Receita Federal e o MPF (Ministério Público Federal) e cuja primeira fase foi deflagrada em julho do ano passado.

Para a PF, a licitação foi direcionada. “Constatou-se ter havido simulação na licitação, pois foram inseridas cláusulas restritivas que dificultaram e oneraram excessivamente a participação de empresas interessadas. Esta conduta direcionou a contratação para determinado empreendimento, sendo que o consórcio de empresas vencedor não possuía o patrimônio exigido para participar do certame”, informou a polícia por meio de nota.

Lavagem de dinheiro – As investigações apontam, garante a PF, que o dinheiro pago pela prefeitura pela coleta de lixo foi desviado e utilizado na compra de parte de uma fazenda em Porto Murtinho – a 431 km de Campo Grande – no valor de R$ 30 milhões. “Essa aquisição foi feita por meio de uma empresa cujos sócios são investigados e parentes de pessoas que ocupavam posições de decisão na Prefeitura Municipal à época”, continua a nota dos federais.

A PF informou que encaminhará o inquérito, que foi finalizado no dia 21 de outubro, para a Procuradoria Procuradoria Regional da República, que deve oferecer denúncia contra as 12 pessoas ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região em São Paulo.

Justiça – A obras do aterro sanitário e a licitação que culminou na contratação da Solurb foram realizadas no governo de Nelson Trad Filho, na época do PMDB e hoje PTB. Supostas irregularidades na construção do depósito de lixo já motivaram ação civil pública do MPF contra o ex-prefeito, a Anfer, empresários e secretários por improbidade administrativa justamente por direcionamento e fraude em licitação, superfaturamento e autorização ilegal de uso do aterro sanitário.

Contudo, no dia 2 de junho de 2016, a Terceira Turma do TRF-3, por unanimidade, julgou procedente um agravo de instrumento contra a decisão que recebeu a inicial. Ou seja, a Justiça decidiu pela extinção da denúncia.

Nos siga no Google Notícias