PM nega envolvimento com Máfia do Cigarro e se diz injustiçado
A primeira fase da operação, realizada no dia 16, cumpriu 45 mandados de busca e apreensão e prendeu 21 policiais militares
Alvo de busca e apreensão na primeira fase da Operação Oiketicus, o sargento Everaldo Marques da Silva, lotado no Batalhão da Polícia Militar de Maracaju, prestou depoimento na manhã desta quarta-feira (23) e negou qualquer envolvimento com o “Máfia do Cigarro”.
O sargento foi uma das 12 pessoas intimadas a prestar depoimento nesta quarta-feira na sede do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado). Na saída, ele falou com a imprensa, detalhou o depoimento prestado aos promotores e afirmou ser inocente.
Em entrevista, Everaldo confirmou que foi alvo da Operação Oiketicus e que as equipes cumpriram mandado de busca e apreensão em sua casa. “Levaram celular e computador”, lembrou. “Não tenho nada a ver com o esquema, estou sendo injustiçado”, reforçou.
Segundo ele, os questionamentos durante o depoimento giraram em torno das ligações telefônicas interceptadas durante as investigações contra o esquema de corrupção que facilita o contrabando de cigarro em Mato Grosso do Sul e também dos produtos apreendidos durante a operação.
“Eles estão confrontando as informações dos depoimentos com as ligações interceptadas”, contou. O sargento revelou ainda que foi o primeiro de seis pessoas - entre alvos da operação e testemunhas - intimadas para prestar depoimento na manhã desta quarta-feira (23). Ao todo, 12 pessoas foram chamadas para comparecer ao Gaeco.
Caso - Conforme o Gaeco, policiais de várias patentes e regiões do Estado atuariam associados de forma estável e em dois núcleos principais, ao longo da região de fronteira do Paraguai, de forma a permitir que o contrabando de cigarros ocorre sem fiscalização - ou repressão. Alguns acusados, inclusive, já haviam sido alvos de apurações anteriores por suposta relação com o mesmo crime.
A Oiketicus - inseto conhecido popularmente como “bicho cigarreiro” - foi deflagrada no início da manhã de quarta-feira (18), em 14 cidades de Mato Grosso do Sul, a maioria delas localizada na rota do contrabando de cigarros. Ao todo, foram 21 presos.
Ao longo do dia, 20 PMs foram levados para a Corregedoria da Polícia Militar, três oficiais e 17 praças. O 18º praça se apresentou à noite. Todos foram encaminhados para celas do Presídio Militar Estadual. Também foram cumpridos 45 mandados de busca e apreensão.
Pagamentos - Foram citados pelo Gaeco pagamentos de R$ 30 mil a R$ 100 mil a oficiais e os “cabeças” de um dos núcleos, enquanto outros suspeitos relatavam, no passado, pagamentos entre R$ 500 e R$ 600 por semana ou “mensalinhos” que, apesar do nome, envolviam pagamentos semanais de R$ 3 mil.