Prefeitura planeja cortar R$ 215 milhões em investimentos para evitar deficit
Secretário de Finanças e Planejamento afirmou que seria "irresponsável" investir R$ 1,58 bilhão aprovado para este ano
A prefeitura de Campo Grande planeja cortar R$ 215 milhões que estavam destinados a investimentos em 2017, segundo o secretário de Finanças e Planejamento, Pedro Pedrossian Neto. A medida visa evitar que as contas do município fiquem no ‘vermelho’, além de não deixar fornecedores e servidores sem pagamento.
Ao apresentar o relatório de gestão fiscal do 3º quadrimestre de 2016, na Câmara Municipal, nesta quarta-feira (22), o chefe da Sefin (Secretaria Municipal de Finanças e Planejamento) ressaltou que terá de tomar medidas “duras” para cortar despesas, pois acredita que não terá o dinheiro previsto para investimentos que foi aprovado no ano passado.
Conforme Pedrossian Neto, o planejamento aprovado pela Câmara no ano passado, previa um total de investimentos de R$ 1,581 bilhão em 2017. Porém, esperando arrecadação menor, tendo em vista a situação ruim da economia, o planejamento é de corte de R$ 215 milhões neste valor.
“Seria irresponsável investir o que estava previsto. Estamos fazendo um contingenciamento de R$ 215 milhões para que não haja deficit e fornecedores e servidores fiquem sem receber. Infelizmente, vamos ter que ser duros em cortar despesas”, diz Pedrossian. Ele não trata a medida como corte, mas como controle de despesas para evitar desequilíbrio nas contas.
Para economizar o valor planejado, a prefeitura pretende cortar 20% de custeio em todas as secretarias, com exceção de Saúde e Educação. Outra medida, segundo Pedrossian, é aumentar a adimplência nos pagamentos de impostos e combater a sonegação. “Vamos fazer isso para contrabalancear a perda de receita”, afirma.
Servidores e fornecedores – Um dos motivos apontados pelo secretário de Finanças para a diminuição na verba para investimentos está o aumento com gastos com pessoal nos últimos anos. De acordo com dados apresentados na prestação de contas, em 2013 as despesas com pessoal foi equivalente a 54% do total, sendo que em 2016 saltou para 69%.
Quatro anos atrás, era previsto investir 16% do total do orçamento, enquanto no ano passado caiu para apenas 1,9%. “O descontrole com gastos com pessoal, acabou resultando na queda dos investimentos, pois foi o meio encontrado para compensar os gastos”, explicou Pedrossian.
A situação crítica nas finanças municipais fica mais evidente quando o secretário fala sobre o pagamento dos fornecedores, que foi congelado por 90 dias, assim que o prefeito Marquinhos Trad (PSD) assumiu o Paço Municipal.
“Fizemos pagamento parcial para alguns de fornecedores de 20%, não mais do que isso, e para empresas que estavam em situação próxima à falência”, disse Marquinhos, que esteve presente no início da prestação de contas.
Outro fator que causou um “furo orçamentário”, de acordo com o Pedrossian Neto, foram os R$ 363 milhões que a gestão de Alcides Bernal (PP) deixou para serem pagos pela atual administração e que não estavam previstos no orçamento aprovado no ano passado.
“Tivemos que pagar R$ 183 milhões que não estavam previstos no orçamento, a maior parte com salários atrasados de servidores ativos, pagamento de 13º e ainda com os funcionários da Omep e Seleta”, relatou Pedrossian.