ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
JULHO, TERÇA  16    CAMPO GRANDE 29º

Capital

Quatro dias depois de operação no "Carandiru", moradores ligam 'gato' de energia

Outros moradores, no entanto, relatam que ainda estão à base de luz de velas

Gabriela Couto, Ana Beatriz Rodrigues e Gustavo Bonotto | 10/06/2023 10:59
Moradora do condomínio vizinho registrou energia em um dos blocos, na noite desta sexta-feira (10) em local conhecido como Carandiru. (Foto: Direto das Ruas)
Moradora do condomínio vizinho registrou energia em um dos blocos, na noite desta sexta-feira (10) em local conhecido como Carandiru. (Foto: Direto das Ruas)

Uma leitora do Campo Grande News, que não quis se identificar, reclamou que o serviço de energia no antigo Residencial Atenas, conhecido como "Carandiru", no Conjunto Mata do Jacinto, foi reestabelecido nesta sexta-feira (9).

A suspeita é que alguns moradores fizeram ligação ilegal, os chamados 'gato' de energia para ter luz novamente. Vizinha do condomínio que foi alvo da operação “Abre-te Sésamo”, deflagrada na manhã de terça-feira (6), diz ser contra a atitude.

"Querendo ou não, prejudica a gente por conta dos furtos. Acho uma sacanagem”, acrescentou a mulher. A concessionária informou ao Campo Grande News que não fez qualquer procedimento de religação de energia no local (nota abaixo).

Pedreiro Gordolino abriu a porta do apartamento para a reportagem e explicou técnicas para 'não ficar no escuro'. (Foto: Alex Machado)
Pedreiro Gordolino abriu a porta do apartamento para a reportagem e explicou técnicas para 'não ficar no escuro'. (Foto: Alex Machado)

A reportagem foi até o local na manhã deste sábado (10) e encontrou duas lâmpadas acesas. Uma que servia como refletor que iluminava um dos blocos, de cima do prédio, focando para o quintal e uma lâmpada no corredor que dava acesso a estrutura de uma casa construída de forma improvisada entre na entrada dos blocos.

Um dos moradores, identificado apenas como Gordolino, afirmou que continua sem energia há quatro dias. “Estou sobrevivendo à base de vela. Para que elas durem mais tempo eu coloco sebo de carne e algodão para que elas não se apaguem tão rápido. Quando acaba, tenho uma lanterna. Quanto aos vizinhos não sei e não vou falar da vida dos outros”, explicou.

Sebo de carne e algodão são os ingredientes para fazer com que velas durem mais tempo acesas. (Foto: Alex Machado)
Sebo de carne e algodão são os ingredientes para fazer com que velas durem mais tempo acesas. (Foto: Alex Machado)

Quem também tem improvisado é outra moradora de 37 anos, que não quis dar o nome, e disse não saber de ontem vem a fonte de fornecimento da energia para as lâmpadas. “Eu continuo sem luz e perdi tudo o que tinha na geladeira. Estou me alimentando na casa da minha mãe, que mora próxima daqui e carrega o celular na vizinha”.

Em nota, a Energisa esclareceu que “diante das inconformidades estruturais e de segurança, apresentadas no prédio (condomínio) pelo Corpo de Bombeiros e existência de furto de energia generalizado no local, informado pelo Instituto de Criminalística Hercílio Macellaro, segue em contato com a Defensoria Pública e Polícia Civil para adotar quaisquer providências”.

Lâmpada acesa no corredor entre os blocos, onde uma casa foi construída de forma improvisada. (Foto: Alex Machado)
Lâmpada acesa no corredor entre os blocos, onde uma casa foi construída de forma improvisada. (Foto: Alex Machado)

Abre-te Sésamo - Com 46 apartamentos alvos de buscas, a operação foi deflagrada na manhã de sexta-feira (6), contra a criminalidade dentro do condomínio invadido há 19 anos. “Centro de criminalidade”. Foi assim que a Polícia Civil se referiu à área. Foram 13 pessoas presas, entre elas duas mulheres e um adolescente.

O delegado Régis de Almeida, da 3ª Delegacia de Polícia e um dos responsáveis pela ação, contou que durante a busca e apreensão no prédio foi identificado um espaço com muitas marcas de sangue e fezes.

Chamado de “cantoneira”, a área encontrada era certamente usada para torturar, castigar e matar desafetos ou pessoas que desrespeitavam as regras dos líderes da localidade.

Carandiru - Há quase duas décadas, o imóvel se tornou situação incômoda. No processo, consta que a construção dos três blocos que fazem parte do Residencial Atenas (A, B e C) ficou pelo caminho a partir de 2002, quando a Construtora Degrau Ltda passou a enfrentar dificuldades financeiras.

No projeto, cada bloco teria 16 apartamentos, com três quartos, sala, cozinha e dois banheiros. Em 2003, a empresa decretou falência e, um ano depois, no dia 1º de outubro de 2004, famílias ligadas ao Movimento Nacional em Prol da Luta pela Moradia invadiram os apartamentos.

Confira a galeria de imagens:

  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
Nos siga no Google Notícias