Um dia depois, famílias do Carandiru buscam apoio na Defensoria
Nesta quarta-feira, apartamentos amanheceram sem energia elétrica no condomínio
Este primeiro dia após a Operação 'Abre-te Sésamo' foi marcado pela busca de ajuda na Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul. Ainda não foi informado o número exato de atendimento a moradores do condomínio conhecido como Carandiru. No local, a reportagem do Campo Grande News observou cerca de dez pessoas aguardando na fila.
As principais solicitações envolvem a religação da energia elétrica no condomínio e assistência por parte do Estado. O defensor público Carlos Eduardo Oliveira de Souza explicou que a Defensoria visitou duas vezes o local, uma na terça-feira (6) e outra nesta quarta-feira (7).
"Verificamos que houve a suspensão do serviço de energia, teve muita família prejudicada. A operação era estritamente policial. Não havia no mandado qualquer determinação de vistoria sobre a estrutura do local. Isso extrapolou o objetivo da operação", explicou o defensor.
Carlos Eduardo ressalta que existe uma decisão para que se realize uma audiência de mediação da Defensoria, Prefeitura de Campo Grande e das partes envolvidas. "A nossa maior preocupação é que estamos com pessoas sem energia, que estão perdendo medicamentos. Houve uma série de situações não previstas", declarou.
O defensor ainda contextualizou que os direitos das crianças que deixaram de ir à escola e das famílias foram atingidos. Sobre a instalação elétrica, o defensor disse que "se a concessionária fez a instalação, existe uma presunção de que há a capacidade de receber o serviço. Não havia uma justificativa para desligar".
Segundo a Defensoria, será preciso analisar cada caso das famílias para verificar qual procedimento tomar junto ao poder público. Na terça-feira, houve contato com as 46 famílias residentes no condomínio para orientação sobre os documentos que devem ser apresentados. "Hoje pela manhã, reforcei sobre a questão da documentação. Estamos colhendo as informações", afirma.
No ano de 2019, o defensor explicou que houve uma ação de vistoria do Corpo de Bombeiros sem prejudicar o direito individual das famílias. "A mesma vistoria que foi feita ontem foi feita em 2019. Houve um equívoco na operação", explica Carlos. Ele complementou que não existe decisão para cortar fornecimento de energia ou de outro recurso essencial. Por fim, ele afirmou que a Defensoria trabalha no levantamento de danos nas residências.
Dona de casa, de 33 anos, não quis se identificar, mas explicou que saiu do apartamento que tem no condomínio. Ela buscou ajuda e destaca que deixou bens no local. "Eles quebraram meu guarda-roupa e arrebentaram minha porta".
Larissa Gabrielly Cahete, de 18 anos, estava no Carandiru no momento da abordagem da polícia. "Eu estava dormindo, eles entraram, reviraram tudo a casa, me levaram presa. Hoje, eu saí sabendo que estava sem luz e que queriam nos despejar."
A mulher de 18 anos disse que os policiais rasgaram embalagens de comida, arrombaram portas dentro da casa e que um agente a agrediu. "Teve meu vizinho também que foi preso, ele não conseguiu sair."
Posicionamento da Energisa - A Concessionária esclarece que, diante do auto de interdição do Corpo de Bombeiros Militar apresentadas no prédio e informação do Instituto de Criminalística Hercílio Macellaro sobre a existência de furto de energia generalizado no local, "foi solicitada a suspensão do fornecimento de energia, a fim de resguardar a integridade física dos moradores e adjacências".
A nota finaliza que a "distribuidora segue em contato constante com a Defensoria Pública, Corpo de Bombeiros e Polícia Civil acompanhando o assunto".