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Capital

"Chefe" do Carandiru controlava entrada e torturava quem desobedecia regras

Cleria Mari era "dona" de ao menos 12 apartamentos e se dizia "responsável" pelas famílias do local

Ana Paula Chuva | 09/06/2023 14:50
Teka sendo conduzida até viatura no dia em que foi presa. (Foto: Henrique Kawaminami)
Teka sendo conduzida até viatura no dia em que foi presa. (Foto: Henrique Kawaminami)

Apesar de ser um local invadido desde 1994, o condomínio localizado na Rua Jamil Basmage, Bairro Mata do Jacinto, em Campo Grande, tinha uma “chefe” que foi apontada como dona de ao menos 12 apartamentos no local denominado "Carandiru". Conhecida como Teka, Cleria Mari Souza de Lima, 44 anos, foi presa junto com o marido Rosivaldo Pereira, e outras oito pessoas.

No início da manhã da última terça-feira, dia 6, equipes policiais de diversas delegacias da Capital cercaram o condomínio e deram início ao cumprimento dos 46 mandados de busca e apreensão, um deles no apartamento onde moravam Cleria, Rosivaldo e o filho da mulher, adolescente de 17 anos. Na ocasião, segundo boletim de ocorrência, ninguém atendeu ao chamado dos agentes e a porta foi arrombada.

Quando a equipe entrou no apartamento, deu de cara com os moradores que foram informados sobre o objetivo da ação. Nas buscas, foi encontrado um revólver calibre 38 e ao menos 19 munições, sendo quinze de 38, duas de calibre 9 milímetros e mais duas ponto 40, em cima do bar na sala do local. Também foram localizados no imóvel diversos papelotes de maconha, assim como tabletes do entorpecente, grande porção de pasta base de cocaína e grande quantidade de dinheiro em espécie e moedas.

Simultaneamente, um dos policiais fiscalizava o condomínio e encontrou uma porta de acesso ao terraço do bloco A, trancada por cadeado. Na casa de Teka, a equipe foi avisada e achou um molho de chaves, entre elas estava a que abriu o local, onde foram armazenados 32 tabletes de maconha, que totalizaram 11 quilos da droga e seriam de Cleria.

Também foram apreendidos diversos objetos sem origem comprovada, como televisões, ferramentas, documentos, furadeiras, carregador de bateria, caixa de som, equipamento médico e uma espada com o brasão da República Federativa do Brasil. Além de R$ 208,39 em moedas internacionais entre pesos argentinos e euros, bem como R$ 11.332 em espécie.

Arma, munições, droga e dinheiro apreendidos na operação "Abre-te, Sésamo". (Foto: Divulgação | PCMS)
Arma, munições, droga e dinheiro apreendidos na operação "Abre-te, Sésamo". (Foto: Divulgação | PCMS)

As investigações apontaram que Teka se apresentava como “chefe” do Carandiru, comandava as “ações criminosas do local” e seria “dona” de ao menos dez apartamentos no bloco A e mais dois no bloco C. Cleria e Rosivaldo também seriam os responsáveis por emprestar armas de fogo para que outras pessoas cometessem crimes.

Ficou apontado ainda que o casal torturava e mantinha em cárcere quem desobedecesse as regras locais e Teka controlava quem entrava e saía do condomínio. A mulher cobrava ao menos R$ 300 pelo aluguel dos apartamentos invadidos e se dizia “responsável” por todas as famílias que ali residiam.

Em depoimento, Teka optou por ficar em silêncio. Rosivaldo, no entanto, afirmou ser o dono da droga e da arma encontrada no apartamento do casal. Mas alegou desconhecer a origem dos entorpecentes achados no terraço do bloco 1 e não soube explicar o porquê de estar com a chave que dava acesso ao local.

Os dois já acumulam diversas passagens pela polícia e tiveram a prisão preventiva decretada pela juíza Eucelia Moreira Cassal, assim como outras seis pessoas detidas na operação com porções de droga que variam de 3,9 a 492 gramas. Já outras duas tiveram a liberdade provisória concedida.

Objetos de origem não comprovada apreendidos durante a ação. (Foto: Divulgação | PCMS)
Objetos de origem não comprovada apreendidos durante a ação. (Foto: Divulgação | PCMS)


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