"Quero que pague por cada pancada", diz mãe em júri de assassino da filha
Raphael da Silva Fonseca Dolores, de 31 anos, matou mulher com golpes de barra de ferro na cabeça
"Quero que ele pague por cada pancada, cada pedaço da minha filha que foi quebrado. Quero por ela, por todas as mulheres, pelas famílias que passaram o que eu estou passando". O pedido da mãe, Rosana Domingos, vem em meio a lágrimas de quem perdeu a filha, brutalmente assassinada com golpes de barra de ferro, no dia 17 de agosto de 2021, em Campo Grande. Hoje, o assassino Raphael da Silva Fonseca Dolores, 30 anos, é julgado.
Em frente ao Tribunal do Júri, a mãe conversou com a reportagem, momentos antes do início da sessão. A salgadeira de 53 anos cuida de dois dos três netos (filhos da vítima), e desabafou como vive ao longo desses mais de dois anos após o assassinato de Silvana Domingos, 31 anos. "Parei de trabalhar, hoje vivo com remédios. Eu era uma mulher saudável, mas fiquei doente depois que perdi minha filha. Perdi a metade da minha vida e estou viva porque tenho que criar meus netos, eles só tem a mim".
Rosana diz que luta todos os dias para preencher o vazio deixado, principalmente quando a neta de 7 anos pergunta da mãe. "Todo dia é muito triste. Minha netinha era apegada, porque a Silvana era uma mãe muito boa. Minha netinha pergunta dela, fala que está com saudade, dorme chorando de saudade da mãe e eu todos os dias tenho que engolir meu choro para ajudar ela", desabafa.
Além da dor de mãe, toda a família sofre até hoje. "Não tem um da família que não ficou doente e não está passando por tratamento", diz. Agora, a mãe pede por justiça. "Não vai trazer minha filha de volta, mas só de saber que ele está preso, que vai estar pagando pelo que fez, já vai aliviar um pouco da minha dor. Hoje, Rosana cuida das duas netas, de 7, 11 anos. "Nada vai tirar essa dor ou fazer eu viver de novo. Ela era minha amiga, dedicada, uma filha maravilhosa e ajudava as pessoas", completa.
A tia da vítima, Eliane Domingos, de 41 anos, também acompanha o júri de Raphael. Ela diz estar revivendo tudo e pede justiça. "Pena máxima para ele, independente do motivo, não tinha que fazer aquela crueldade. Acabou com a nossa família. Eu tive crise de depressão, meu filho que encontrou o corpo dela, um rapaz de 27 anos, vive com remédio antidepressivo. Ele destruiu nossa família", afirma.
A tia ainda disse que queria ficar de frente com o assassino. "Não vai ser fácil estar ali hoje, mas eu acredito que Deus vai dar força, que a gente consiga permanecer e olhar na cara dele. Olhar e perguntar se valeu a pena o que ele fez com ela, se valeu a pena destruir uma família inteira e deixar três crianças órfãs. A única coisa que peço é que a justiça seja implacável com ele", finaliza.
Crime - No dia 17 de agosto de 2021, imagens de câmera de segurança registraram o momento em que Raphael chega e sai do local do crime, uma residência na Rua Euzébio de Queiroz, no Jardim Los Angeles. O imóvel pertencia a uma amiga da vítima.
À polícia, ele disse que agiu após discussão sobre o preço do suposto programa. Então, foi até o quintal da casa, pegou uma barra de ferro, voltou para o quarto e matou a vítima espancada. Silvana foi encontrada em cima da cama, apenas de calcinha e com ferimentos na cabeça.
Raphael foi identificado graças ao celular da vítima, levado por ele e vendido por R$ 500 depois do crime. Com ajuda do setor de investigação da Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), as equipes rastrearam o aparelho e encontraram Raphael na casa dos pais, no Jardim Leblon. Ele já tinha passagem pelo crime de maus-tratos cometido contra a filha de ex-mulher.
A família contesta a versão de Raphael sobre discussão em programa sexual e acredita em latrocínio.
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