Sem chuva há 1 mês, bairros sem asfalto sofrem com 'poeirão'
Moradores batalham para manter suas casas e comércios limpos nesse período de seca
Sem chuva há quase 1 mês e altas temperaturas durante o dia, o campo-grandense tem sentido "na pele" os efeitos da baixa umidade do ar. Além de aumentar os cuidados com a saúde respiratória, o trabalho para manter casa e comércio limpos precisa ser redobrado – missão quase impossível diante de tanta poeira pela cidade.
“Munido” de uma mangueira e muita disposição, João Ricardo Menezes Ricardi, 28, tentava amenizar a situação em frente ao seu comércio de venda de peixes e carnes assadas, no Jardim Itamaracá.
O estabelecimento está localizado na Rua Padre Mussa Tuma, que é asfaltada, mas o constante movimento de veículos e a proximidade com vias sem asfaltamento exigem que a limpeza da área seja realizada durante todo o expediente, para não espantar a clientela.
“Complica muito para a gente, porque mexer com alimentação requer esse cuidado. A mangueira fica no jeito, a toda hora usamos para fazer a poeira baixar”, relata.
Moradora do bairro há mais de 20 anos, Elisângela Ribeiro, de 41 anos, diz que busca formas alternativas para manter ambientes da casa umidificados, para que ninguém da família fique doente.
“Como a rua não é asfaltada, a poeira é muito grande, passo pano no chão e móveis o tempo todo. Para dormir, coloco bacias com água e toalhas úmidas perto das camas”, conta a diarista, que mora com outras 11 pessoas.
“Meu neto até agora não ficou ruinzinho, mas em compensação eu estou com uma tosse daquelas”, acrescenta, ao lado do pequeno Luiz Gustavo, de 4 anos.
Enquanto observa a movimentação típica de um domingo, da frente de sua residência, o aposentado José Máximo da Silva, 68, reclama das dificuldades para suportar o período de seca.
“É uma poeira que 'Deus nos acuda', difícil deixar a casa limpa. Tinha uma buraqueira que ônibus abriu aqui perto, que deixava tudo pior. Eu mesmo busquei de carriola algumas pedras e coloquei em cima. Melhorou um pouco”, diz.
“Mas saúde é que não aguenta, porque vem muita poluição também. Minha esposa já tem problema de vista e nessa época sente ainda mais, resseca o olho e o nariz”, ressalta.
Para este domingo, o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) emitiu alerta de perigo potencial para baixa umidade do ar nas regiões leste, sul, sudoeste, Pantanal e centro norte de Mato Grosso do Sul, o que inclui Campo Grande.
A última chuva na Capital foi registrada no dia 19 de junho e os níveis da umidade relativa continuam com baixa, entre 25 e 35%, bem abaixo do recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), que é entre 60 e 80%.