Sem locais para despejo, caçambas acumulam entulho e lixo nas ruas
Caçambeiro estima que hajam 4 mil espalhadas pela cidade
Com o aterro de entulho de Campo Grande interditado, empresas não têm onde fazer o descarte do material e caçambas acumulam resíduos nas ruas da Capital e pátios das locadoras dos depósitos para materiais de construção. O problema é material orgânico também tem sido descartado nos locais, provocando mau cheiro e outros transtornos.
É o caso de uma caçamba na avenida Monte Castelo – no bairro de mesmo nome, no norte da Capital. Restos de podas de árvores foram deixados no local e passam da altura de uma casa.
No Tiradentes – leste da cidade – várias depósitos estão sendo mantidos em um terreno abandonado para acumular o material descartado de uma obra. “O problema é a dengue. Fazem tanta campanha, mas não adianta nada se na frente das casas tiver tanto lixo acumulado”, afirma Bruno de Brito Curto, dono de uma empresa de caçamba.
Uma área particular na saída para Sidrolândia que estava sendo usada para descarte desde a interdição do aterro público também foi fechada. “Não estamos recebendo mais os caminhões. Por alguns dias vieram descartar o material aqui, mas é prejudicial para nós”, afirmou um funcionário.
Anagê Filisbino dos Santos, 59, é dono de uma empresa de caçambas há oito anos e afirma que dos 60 depósitos de entulho dele, 55 estão ocupados. “Deve ter uma 4 mil caçambas cheias espalhadas pela cidade”, estima.
Fechamento - A interdição do aterro de entulhos no Jardim Noroeste foi no dia 15 de dezembro. Apesar de funcionar por anos sem licença ambiental, o local era o único destino “oficial” para as mais de 1,4 mil toneladas diárias de resíduos da construção civil produzidas diariamente na cidade.
Uma vistoria feita em julho pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) constatou que no aterro há triagem superficial dos resíduos, permitindo ingresso de resíduos recicláveis e orgânicos.
Autor da decisão, o juiz da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, David de Oliveira Gomes Filho, disse na semana passada à reportagem que o aterro precisa passar por uma série de adequações, como fechamento no entorno e proibição da entrada de lixo hospitalar.
A cidade já teve quatro pontos para aterro de entulho, que foram fechados. Em maio do ano passado, uma área na saída para Sidrolândia chegou a ser avaliada pela prefeitura para receber os resíduos, mas não houve transferência do aterro.