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Capital

Silêncio e negação marcam julgamento de réus por esquartejar e queimar casal

Vítimas foram mortas em agosto de 2021 e tiveram os restos mortais abandonados às margens da BR-262

Por Antonio Bispo | 19/09/2023 11:45
Grasieli Felix foi a única ré que confessou participação no crime diante dos jurados (Foto: Henrique Kawaminami)
Grasieli Felix foi a única ré que confessou participação no crime diante dos jurados (Foto: Henrique Kawaminami)

Durante interrogatório no Tribunal do Júri na manhã desta terça-feira (19), em Campo Grande, apenas a ré Grasieli Felix Ferreira confessou participação no crime em que foram mortas, esquartejadas e queimadas as vítimas Pedro Vilha Alta Torres, de 45 anos, e Priscila Gonçalves Alves, de 38, em agosto de 2021. Ana Carla Pereira de Oliveira optou pelo silêncio em juízo e Alexandre de Oliveira Gimenes negou participação na ação.

Primeira a ser ouvida, Grasieli afirmou que manteve uma relação amorosa com Alexandre por três meses e que ele era conhecido na região onde moravam como "Acreano".

No dia do crime, não soube dizer como as vítimas foram parar na residência onde o homicídio aconteceu, mas que segurou Priscila em uma cadeira, para que Ana Carla pudesse sufocá-la até que desmaiasse.

Assim que a vítima perdeu a consciência, Grasieli contou que saiu do cômodo, mas pensou que a “mulher tivesse continuado viva”. Em seguida, voltou para casa onde morava, até que Alexandre apareceu com a calça suja de sangue, pedindo por um saco. “Peguei o saco de milho, coloquei o milho no balde e entreguei o saco para ele”, disse.

Chorando em alguns momentos, contou que não participou do esquartejamento de nenhuma das vítimas, nem do incêndio nos corpos. Quando questionada pelo defensor público Ronald Calixto Nunes, responsável pela defesa da ré, em relação ao arrependimento, disse que deveria ter “saído de lá”, uma vez que depois do episódio, na vida dela só “aconteceu desgraças”.

Alexandre Oliveira negou participação em todas as acusações do crime (Foto: Henrique Kawaminami)
Alexandre Oliveira negou participação em todas as acusações do crime (Foto: Henrique Kawaminami)

Já o réu Alexandre Oliveira, ao sentar no banco em frente aos jurados, negou todas as acusações alegando que estão jogando a culpa nele por ser do Acre, estado onde nasceu e cresceu antes de se mudar para Mato Grosso do Sul.

“Estão dizendo que fui eu pra tirar o foco de quem foi. Isso é coisa de gente grande. Eu não tenho nenhum motivo para fazer isso não, se eu soubesse quem tá por trás disso, eu diria”, afirmou.

Ana Carla Pereira de Oliveira, que atualmente cumpre prisão domiciliar por ter dado à luz recentemente e estar amamentando, optou por ficar em silêncio no plenário e não prestou nenhum esclarecimento quanto às acusações.

Com plateia lotada de estudantes do curso de Direito, o julgamento é presidido pelo juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida, presidente do 1º Tribunal do Júri.

Ana Carla optou pelo silêncio durante julgamento (Foto: Henrique Kawaminami)
Ana Carla optou pelo silêncio durante julgamento (Foto: Henrique Kawaminami)

O crime - O casal foi morto, esquartejado e queimado, antes de ser deixado às margens da BR-262, no dia 16 de agosto de 2021, em Campo Grande. No dia 15 de fevereiro de 2022, as mulheres foram presas e um adolescente de 17 anos apreendido pelo crime. Os três foram detidos por policiais civis em Ribas do Rio Pardo, cidade a 98 quilômetros de Campo Grande.

Em 16 de fevereiro, um mês depois do crime, a polícia encontrou pedaços de ossos que poderiam ser das vítimas. Uma mão foi encontrada, junto com restos mortais às margens da BR-163, na região do Condomínio Residencial Damha.

Priscila e Pedro tiveram os corpos esquartejados, queimados e abandonados às margens da BR-262 e 163 (Foto: Redes Sociais)
Priscila e Pedro tiveram os corpos esquartejados, queimados e abandonados às margens da BR-262 e 163 (Foto: Redes Sociais)

Histórico - Pedro e Priscila estavam juntos há 12 anos. Se casaram escondidos e tiveram duas filhas. Conforme apurado pela reportagem, o relacionamento foi marcado pelo vício em drogas e por prisões do homem.

Pedro somava vários “pequenos crimes”, como ameaças, furtos, roubos, porte ilegal de arma, além de um homicídio. Tinha também uma condenação de 7 anos e nove meses pela 2ª Vara do Tribunal do Júri, consequência de processo de 1998.

Esse histórico de envolvimento dos dois com o tráfico de drogas, segundo o relato dos próprios parentes, os levaram a cometer pequenos furtos para manter o vício. Eles levavam eletrodomésticos da casa para comprar drogas e os crimes sempre acabavam em discussão.

Em uma das brigas deles, Pedro ameaçou comprar uma arma e matar os irmãos da sogra. Então, a mulher de 57 anos, mãe da Priscila, chegou a procurar a polícia para denunciar que vinha sofrendo constantemente com os crimes dentro de casa.

A ideia dos envolvidos era matar, "picotar" o corpo do casal e depois espalhar pela cidade, mas tudo isso daria muito trabalho, então, decidiram queimar as partes. A motivação seria vingança, sob acusação de que Pedro e Priscila furtaram a casa de um traficante.

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