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Capital

Trad vai à Justiça para afastar delegada que investiga casos de assédio sexual

Maíra Pacheco Machado preside inquérito contra ex-prefeito e diz que não foi notificada

Aline dos Santos e Dayene Paz | 18/08/2022 11:05
Delegada Maíra (centro) durante entrevista após operação na prefeitura. (Foto: Henrique Kawaminami)
Delegada Maíra (centro) durante entrevista após operação na prefeitura. (Foto: Henrique Kawaminami)

Candidato a governador e investigado por assédio sexual, Marquinhos Trad (PSD) pede o afastamento da delegada Maíra Pacheco Machado, lotada na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), que comanda o inquérito sobre o caso.

A defesa entrou com mandado de segurança na 3ª Vara Criminal de Campo Grande e credita à delegada a prática de atos ilegais e abuso de poder. Segundo o pedido, a solicitação ocorre após novas evidências de ilegalidade no inquérito.

Ex-prefeito de Campo Grande, Trad nega crime sexual e alega se tratar de armação política. O relato é de que uma mulher, que atualmente mora no exterior, disse ter recebido mensagem de um suposto jornalista perguntando se ela teria sido vítima de assédio, o que foi negado.

Em seguida, a mulher foi questionada novamente, desta vez pela delegada Maíra Pacheco. Em face da negativa, recebeu uma intimação dizendo que sua ausência implicaria em crime de desobediência e condução coercitiva.

Na sequência, ela também teria sido contatada por uma candidata a deputada federal, garantindo que “arcariam” com a locomoção dela de Dubai para Campo Grande, caso estivesse disposta a falar sobre os abusos que supostamente teria sofrido.

Segundo a defesa, isso levantou suspeitas de que a delegada teria disponibilizado cópia da intimação para a candidata. Noutro episódio, uma segunda mulher relatou que foi procurada pela delegada e, diante da negativa, recebeu mandado de intimação.

Outra mulher, a terceira no caso, teria recebido intimação para comparecer à delegacia, sob pena de condução coercitiva e crime de desobediência.

No entanto, ao ser questionada pela escrivã se era mais uma das “vítimas” ou se sabia de algo sobre os supostos crimes sexuais, afirmou que, ao contrário, não acreditava no que estava sendo divulgado.

Diante da resposta, foi informada que não seria ouvida e seria lavrada apenas uma certidão de que compareceu à Delegacia Especializada. Para reforçar o pedido de afastamento, as advogadas Rejane Alves de Arruda e Andréa Flores relatam vazamento proposital de informações constantes em inquérito policial instaurado e resguardado por segredo de Justiça.

A defesa destaca inconsistências nas datas de depoimentos, coletiva de imprensa em que a delegada anunciou disque-denúncia para as vítimas, repasse de dados sobre o total de suspeitas e operação na prefeitura de Campo Grande, realizada em 9 de agosto, com a imprensa de prontidão.

“Em face das ilegalidades retratadas e do abuso de poder constatado, a alternativa que resta, para ver garantido o direito de ser investigado por autoridade que se submeta, à risca, aos princípios da legalidade e da impessoalidade. Caso continue na presidência do Inquérito nº 3007/2022, a autoridade impetrada continuará a agir ao arrepio dos princípios da legalidade e impessoalidade, havendo risco de a medida definitiva ora pleiteada se tornar ineficaz, se não deferida de pronto”, afirmam as advogadas.

Foram anexados ao mandado de segurança 34 provas, como um vídeo da mulher do exterior relatando que foi procurada para apresentar falsa denúncia contra Marquinhos Trad.

A delegada Maíra Pacheco Machado informou que não tem conhecimento do pedido. "Comecei a ser bombardeada logo pela manhã e não tenho conhecimento, fiquei sabendo pela própria imprensa e não fui notificada. Nem eu, nem a Polícia Civil recebemos esse pedido", declarou ao Campo Grande News.

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