"Vamos fazer justiça pela Vanessa", diz amigo que tentou salvar jornalista

"A gente vai fazer justiça pela Vanessa". A fala é de Joilson Francelino, que há dois dias viveu momentos de desespero ao lado de Vanessa Ricarte, 42 anos. A jornalista foi brutalmente assassinada pelo ex-noivo, o músico Caio Nascimento Pereira, na última quarta-feira (12), em Campo Grande. O rapaz compartilha da mesma profissão da amiga.

Ainda em choque, Joilson relatou que foi mais de uma vez à Deam (Delegacia especializada em atendimento à mulher) com Vanessa durante a semana na intenção de pedir medida protetiva contra o agressor. No dia do crime, ele estava com amiga e o feminicida na casa onde tudo aconteceu, no Bairro São Francisco.

Sobre o crime que presenciou, o jornalista diz que, por conta do choque e de todas as questões processuais do caso, ainda não se sente confortável para compartilhar e se ateve a pedir justiça pela amiga que morreu após levar três facadas no peito.

"Uma coisa eu te garanto: A gente vai fazer justiça pela Vanessa", desabafa Joilson através de mensagem de áudio com a voz bastante embargada.

Testemunha - Ao Campo Grande News, a delegada adjunta da Deam, Analu Ferraz, explicou que Joilson não estava presente no momento exato do crime. Segundo a responsável pela investigação, o rapaz teria ido até a parte externa da casa para chamar alguém ou a polícia, porque percebeu comportamento estranho em Caio.

Segundo o depoimento do jornalista, a delegada relatou, em coletiva de imprensa na manhã de quinta-feira (13), que o comportamento de Caio nos momentos que antecederam o crime foi de calma, para conseguir ficar sozinho com Vanessa.

"Eles estavam todos conversando tranquilamente, ele (Caio) falou que ia sair voluntariamente da casa, mas o menino percebeu um comportamento agressivo e saiu da sala para ligar para outra testemunha ou chamar a polícia. O esfaqueamento não foi na frente do rapaz", detalhou a delegada.

A responsável pelo caso ainda explicou que Joilson e muitos vizinhos tentaram ajudar Vanessa.  "Na hora, a testemunha que estava lá (Joilson) puxou a Vanessa para a cozinha e colocou uma geladeira na frente da porta, o assassino não conseguia entrar e ficou batendo na porta, por isso todo mundo ali na região veio tentar ajudar", finalizou.

Caso – Na tarde dessa quarta-feira, a jornalista chegava em casa, no Bairro São Francisco, com um amigo que a acompanhou até a Deam, na madrugada. Vanessa sairia da residência onde morava com Caio e foi até o local pegar roupas e outros pertences para poder se mudar. Pediu ajuda do amigo, pois estava com medo do ex.

 Ao encontrá-lo, Caio e Vanessa começaram a conversar e, em determinado momento, o ex-noivo passou a agredi-la. Vanessa foi atingida por três facadas na altura do coração e chegou a ser socorrida. Já na Santa Casa, ela não resistiu.

Vizinho da jornalista, aposentado de 60 anos, contou que ouviu a gritaria por volta das 16h40. Quando saiu para ver o que acontecia, viu um homem para fora da casa esmurrando a porta. “Veio com a faca para cima de mim, corri para minha casa e chamamos a polícia”. “Ela mora aqui faz uns três anos. Não vou te dizer que tinha briga frequente, mas havia briga que todo mundo ouvia. Bastante gritaria e barulho de porta batendo”, completa.

Após esfaquear Vanessa, Caio foi preso em flagrante e chegou a oferecer resistência, mas foi contido e levado à Deam. O músico tem ao menos 11 registros de violência doméstica, um deles contra a própria mãe.

Horas antes - Poucas horas antes de ser assassinada na tarde de ontem, Vanessa foi até a Deam na noite anterior para solicitar medida protetiva. Isso porque, segundo amigos dela, o ex-noivo postou em seus stories em rede social link para site de conteúdo adulto que teria relação com a jornalista.

Contudo, ainda não há informações se esse foi o motivo que fez Vanessa procurar a Deam. A publicação do músico foi apagada em seguida.

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