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Capital

Vendedor "surta" novamente e atira madeira e vidro na rua

Já noticiado no Campo Grande News, homem voltou a jogar lixo em forma de "protesto" contra prefeitura

Idaicy Solano e Antonio Bispo | 18/07/2023 11:05

Há cerca de cinco meses, a rotina dos moradores do Bairro Jardim TV Morena, na região da Rua Planalto, virou de cabeça para baixo após o vendedor José Fernandes da Silva, 52 anos, começar a jogar lixo em via pública em forma de protesto contra a Prefeitura de Campo Grande. Condutores e pedestres que passavam pela via foram recebidos por "chuva" de vidro e pedaços de madeira na manhã desta terça-feira (18).

Gritando frases como “eu vou tacar fogo na casa, aí eu quero ver”, “cadê meu dinheiro?” e “a prefeitura roubou meu dinheiro”, o homem jogou cadeiras de madeira, lixo e placas de vidro na rua. No local, havia duas caçambas da prefeitura para limpar a bagunça.

A reportagem do Campo Grande News esteve no local e presenciou o homem visivelmente alterado, gritando e atirando objetos de valor da sacada enquanto vários carros passavam pela rua. José chegou a gritar que um dos objetos arremessados custava em torno de R$ 1 mil.

Na casa, moram o vendedor, a esposa e as três filhas do casal. O restante da família chegou a participar do protesto segurando cartazes, mas não ficaram na varanda por muito tempo.

José Fernandes da Silva protesta contra a prefeitura ao lado da esposa, na sacada da casa onde mora (Foto: Paulo Francis)
José Fernandes da Silva protesta contra a prefeitura ao lado da esposa, na sacada da casa onde mora (Foto: Paulo Francis)

Conforme apurado pela reportagem no local com a vizinhança, que terá a identidade preservada por medo de represálias, o homem é responsável por "causar terror" na região, e se ele visse alguém conversando com a equipe, poderia "ficar mais surtado ainda”.

Uma senhora de 80 anos relatou que tem receio que o homem faça alguma maldade, então evita passar na calçada no imóvel. "A gente tem medo dele, francamente". Segundo relato de outra moradora, o homem raramente é visto fora do imóvel e só aparece para gritar, jogar lixo e assustar toda a vizinhança. "Ele é muito homem lá em cima, mas descer aqui ele não desce".

Segundo relato dos moradores, uma viatura da Polícia Militar chegou a ir até o local no início da manhã, mas foi embora porque José se recusou a descer e os oficiais não possuíam mandado para entrar na residência.

Em nota, a PM informou apenas que "é responsável pelo policiamento ostensivo e preventivo, visando prevenir a ocorrência de crimes ou de infrações administrativas sujeitas ao controle da instituição policial, o que não se aplica ao caso em tela, posto que a fiscalização das vias urbanas é de competência do município". A Prefeitura de Campo Grande também foi procurada, mas não se manifestou.

Vendedor atirou na via pública uma cadeira de madeira que, segundo ele mesmo disse, custa R$ 1 mil. (Foto: Paulo Francis)
Vendedor atirou na via pública uma cadeira de madeira que, segundo ele mesmo disse, custa R$ 1 mil. (Foto: Paulo Francis)

Entenda - Em março, o Campo Grande News noticiou que o vendedor José Fernandes da Silva trancou na Rua Planalto, que liga a Avenida Eduardo Elias Zahran com a Fábio Zahran, na região dos bairros TV Morena e Jardim Paulista, para "protestar" contra a prefeitura.

Conforme já apurado pela reportagem, José reivindica pagamento de aproximadamente R$ 1,3 milhão pela desapropriação de terrenos dele na época da execução do projeto Cabaça/Areias, de 2009, que abriu vias e realizou obras de drenagem na área citada.

Em um dos "protestos", o vendedor chegou a queimar calçados, travesseiros e até colchão na esquina da casa onde mora com a esposa e as três filhas.

Reivindicação - O processo que José abriu de cobrança pelo não pagamento transitou em julgado em 2019, mas dois anos antes, a 4ª Vara do Patrimônio Público determinou o pagamento da diferença entre o que a prefeitura já havia pagado e o valor de mercado avaliado em perícia, o que correspondia a cerca de R$ 23.134,81.

Na época da desapropriação, segundo presente nos dados do processo, ele recebeu em conta R$ 106.600,03, mas a avaliação pericial identificou que o valor real seria de R$ 129.734,84. No pedido inicial de José, entretanto, ele alegava que os três terrenos dele valeriam R$ 1.396.000,00.

O entendimento da Justiça, na 1ª Câmara Cível, em setembro de 2019, foi de que “logo, deve ser mantida a sentença que fixou o valor de R$ 129.734,84 a título de indenização pelo imóvel desapropriado”.

José, no entanto, diz que nunca recebeu valor algum. “Vai fazer 14 anos que sou enganado pela prefeitura. Eles (prefeitura) não me atendem porque eu sou nordestino e sem estudo”, declarou para a reportagem em março de 2023, quando começaram os protestos.

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