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Empregos

No Dia Da Mulher: Wilma, Eva e Antônia enfrentam fila por emprego

Mulheres em MS têm mais estudo que os homens e, mesmo assim, é grande o número de desempregadas

Danielle Valentim | 08/03/2018 09:52
Desempregada há 2 anos, Antonia já não expressa preferência por vaga específica. (Foto: Marcos Ermínio)
Desempregada há 2 anos, Antonia já não expressa preferência por vaga específica. (Foto: Marcos Ermínio)

O despertador toca antes das 5h e já passa da hora de sair em busca de oportunidade no mercado de trabalho. Em pleno Dia Internacional da Mulher, a comemoração de muitas campo-grandenses será a conquista de um emprego, já que segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), mesmo sendo maioria, as mulheres ocupam apenas 40,73% dos cargos formais em Mato Grosso do Sul.

Por mais que se tente negar, é forte a presença do machismo quando o assunto é mulher no mercado de trabalho. As candidatas são vistas, de modo geral, como pessoas que podem deixar o empregador em segundo plano em situações de emergência como a chegada de um filho.

Em menor proporção entre os trabalhadores com carteira assinada, as mulheres se viram como podem, principalmente quando são mães responsáveis pelo lar. Desempregada há oito meses, Wilma Flores Guimarães, de 41 anos, espera na fila da Funsat (Fundação Social do Trabalho), mais uma vez, em busca de uma vaga como auxiliar administrativo.

Wilma reclama que o pior obstáculo é a idade. (Foto: Marcos Ermínio)
Wilma reclama que o pior obstáculo é a idade. (Foto: Marcos Ermínio)

Solteira e cuidando da filha sozinha, Wilma reclama que o pior obstáculo é a idade. “Tenho cinco anos de experiência na área, mas quando chego na entrevista, a empresa está buscando pessoas mais novas. Essa é minha área, mas do jeito que está o que aparecer eu aceito”, disse.

Demitida há pouco mais de um mês, com a justificativa corte de gastos, Eva dos Reis Souza, de 59 anos, é apenas mais uma mulher que amarga as filas do desemprego. Em busca de uma vaga em serviços gerais, a campo-grandense reitera a barreira das empresas com candidatas “de mais idade”.

"Quando a mulher não é mais nova e aí a dificuldade aumenta”, desabafa Eva.
"Quando a mulher não é mais nova e aí a dificuldade aumenta”, desabafa Eva.

“Moro com meu filho, que paga pensão para três crianças, e eu preciso ajudar em casa. Fui dispensada a pouco tempo e já esta já é a terceira vez que venho até aqui. Está difícil para todo mundo, tanto para homem quanto para mulher, mas a gente já não é mais nova e aí a dificuldade aumenta”, desabafa.

Apesar da “idade” ser alvo de muitas reclamações, mulheres mais jovens culpam a “experiência” como fator mais pesado. Jhenifer Bueno de 23 anos busca emprego há mais de quatro meses. Com experiência na área administrativa, a jovem afirma que as empresas sempre querem mais. “Eu trabalho na área desde 2016 e mesmo assim não estou conseguindo oportunidade.”

Jhenifer Bueno de 23 anos busca emprego há mais de quatro meses. (Foto: Marcos Ermínio)
Jhenifer Bueno de 23 anos busca emprego há mais de quatro meses. (Foto: Marcos Ermínio)
Antonia Teodoro Gonçalves Alonso, de 23 anos, chegou na agência antes das 6h. (Foto: Marcos Ermínio)
Antonia Teodoro Gonçalves Alonso, de 23 anos, chegou na agência antes das 6h. (Foto: Marcos Ermínio)

Da região da Júlio de Castilho ao Centro de Campo Grande, Antonia Teodoro Gonçalves Alonso, de 23 anos, chegou na agência antes das 6h. O horário é considerado tarde para quem deseja garantir um dos primeiros lugares, na fila quilométrica de desempregados.

Fora do mercado há dois anos, Antonia já perdeu as contas de quantas vezes foi até à agência e já não expressa preferência por vaga específica. “Qualquer oportunidade é válida. Já perdi as contas de quantas vezes vim aqui. Mas não perco a esperança, preciso de uma oportunidade. Eles sempre querem um candidato com faculdade, cursos, mas como fazer cursos sem um emprego? Ainda bem que ainda moro com meus pais, porque não sei que seria”, afirmou.

Estudando mais - As mulheres em Mato Grosso do Sul têm mais estudo que os homens, o que deveria favorecer o acesso ao mercado de trabalho. Em contrapartida, ainda é grande o número de mulheres que não estão trabalhando. Os dados do IBGE não fazem distinção se a desocupação decorre de opção própria ou da falta de oportunidades, mas no quarto trimestre de 2017, 732 mil homens estavam empregados contra 554 mil do sexo feminino.

Além disso, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que as mulheres continuam ganhando menos que os homens. Em 2017 elas recebiam em média R$ 1.767 por mês, enquanto eles ganhavam R$ 2.404. Em 2006, esse abismo nos rendimentos entre os sexos era quase o dobro, em torno de 58%.

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