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Cidades

Envolta em preconceito, tuberculose coloca MS em 10º lugar no ranking da doença

Flávia Lima | 17/11/2015 17:23
Recém-nascidos devem ser imunizados com a BCG, que protege contra todos os tipos da tuberculose. (Foto:Arquivo/Marcos Ermínio)
Recém-nascidos devem ser imunizados com a BCG, que protege contra todos os tipos da tuberculose. (Foto:Arquivo/Marcos Ermínio)

Apesar de apresentar uma queda de 38,7% de casos nos últimos 17 anos, a tuberculose ainda é considerada um problema de saúde pública, segundo o Ministério da Saúde, já que a cada ano são notificados pelo menos 70 mil casos novos e ocorrem 4,6 mil mortes em decorrência da doença.

O Brasil ocupa o 17º lugar entre os 22 países responsáveis por 80% do total de casos de tuberculose no mundo. Todo ano são notificados cerca de 6 milhões de novos casos em todo o mundo, levando mais de um milhão de pessoas a morte.

De acordo com levantamento do Ministério da Saúde, realizado em 2014, Mato Grosso do Sul é o 10º estado com maior número de casos, média de 30,7 a cada 100 mil habitantes. Campo Grande se destaca como a 11ª capital com incidência mais baixa, com 32,1 casos a cada 100 mil moradores.

Devido a essas dados, a autoridades de saúde municipais e do Estado consideram de extrema importância a realização de campanhas e ações pontuais, além de um constante trabalho de conscientização sobre o combate e prevenção da doença.

Segundo a enfermeira da rede municipal de saúde, Kellen Cristina Lopes Teixeira Fonseca, a doença ainda é envolta em estigmas, o que gera preconceito das pessoas. “Antigamente a tuberculose era vista como uma doença e existente apenas em grupos de risco, como os presidiários, portadores de HIV e prostitutas. Na verdade todos estamos suscetíveis a ela”, explica.

De fato, nas primeiras décadas do século 20, havia um consenso entre profissionais de Saúde, de que o paciente infectado deveria ser retirado do convívio familiar e tratado em casas de repouso, denominadas sanatórios. Esses locais eram implantados em áreas montanhosas, onde o clima era considerado, na época, propício ao combate da doença, promovendo a cura.

Com o passar dos anos e a evolução no tratamento, essa visão foi mudando conforme surgiam novos medicamentos, inclusive preventivos, como a vacina BCG, que protege a criança da tuberculose. No entanto, segundo Kellen, muitas pessoas que apresentam tosse crônica, por mais de 15 dias, ainda resistem ao tratamento por desconhecimento e preconceito.

Ela ressalta que ações como a realizada nesta terça-feira (17), Dia Nacional de Combate a Tuberculose, são fundamentais para incentivar a prevenção. Durante toda a tarde, equipes da UBSF (Unidade Básica e Saúde da Família) Fernando Arruda Torres, na região do bairro Nova Lima, desenvolve uma blitz educativa em parceria com acadêmicos do curso de Enfermagem da Uniderp, para alertar sobre a tuberculose.

A ação consiste em visitas ao comércio local, ressaltando a importância da coleta de amostras de muco na unidade básica de saúde, para detectar a tuberculose, um exame já disponível gratuitamente nas redes.

A enfermeira explica que uma vez detectada a doença, o paciente recebe toda a orientação e os medicamentos, além do acompanhamento dos profissionais da Sesau. “É importante lembrar que esse tratamento é oferecido apenas na rede pública porque os medicamentos são fornecidos pelo Ministério da Saúde”, enfatiza.

Prioridade - Na rede estadual de Saúde, as campanhas e medidas de prevenção também tem se tornado prioritárias nos últimos anos. Segundo a assessoria de imprensa da secretaria, algumas das ações desenvolvidas buscam fortalecer parcerias com o poder municipal no enfrentamento da doença, além de realizar supervisão na rede pública de saúde dos municípios, orientando quanto a rotina preventiva, que consiste na distribuição de material educativo a população.

Os profissionais também são orientados a observar nos pacientes que frequentam as unidades de saúde, alguns sintomas , como tosse que persista por mais de três semanas.

Uma das principais ações da SES (Secretaria de Estado da Saúde) é feita em parceria com a Agepen (Agência Estadual Penitenciária) e tem o objetivo de possibilitar o diagnóstico precoce da tuberculose, através de exames realizados em detentos nos presídios do Estado.

Para isso, esse ano a Agepen firmou acordo com a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD); Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para montar uma unidade móvel dotada de laboratório e equipamento de raio X digital para atender servidores penitenciários e reclusos do sistema prisional.

Pioneira no país, a iniciativa poderá servir de referência para o Ministério da Saúde aplicar em outros estados. A doença é considerada uma das maiores preocupações da saúde prisional em todo o Brasil devido ao ambiente de confinamento e aglomeração, o que aumenta o risco de contágio da doença.

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