Exército admite atraso no Sisfron, mas anuncia expansão para MT e Paraná
Chefe do Centro de Coordenação de Operações do Comando Militar do Oeste reafirmou integração com forças estaduais e disse que sistema tem erros que precisam ser corrigidos
Mesmo atrasado por corte nos repasses de recursos feitos pelo governo federal e por dificuldades na implantação da tecnologia, o projeto-piloto do Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteira) passará por expansão em 2018.
Iniciado na linha de fronteira entre Mundo Novo e Bela Vista, em Mato Grosso do Sul, o sistema já está sendo testado no Pantanal de Mato Grosso e em breve chega ao Paraná, no lago da Usina Binacional de Itaipu.
A expansão começou a ser feita mesmo antes de o projeto ser concluído na fronteira sul-mato-grossense, onde organismos de segurança pública reclamam da falta de utilidade do Sisfron para o combate ao crime organizado que age nos dois lados da Linha Internacional.
Ao Campo Grande News, o chefe do Centro de Coordenação de Operações do CMO (Comando Militar do Oeste), general Eduardo Paiva Maurmann, disse que atualmente o Exército trabalha para corrigir erros referentes a equipamentos desenvolvidos pela indústria nacional. “Neste ano a gente termina as diversas áreas de validação e integração da parte de comunicações e satelital”.
Precisa de melhorias – Segundo ele, o Sisfron não é um sistema simples e existem melhorias a serem feitas em radares. “Na segunda fase, já experimentamos o material no Pantanal do Mato Grosso e será ampliado ao Comando do Paraná, no lago de Itaipu. Pretendemos fechar o arco sul e oeste”. O oficial disse que no início de fevereiro deste ano haverá uma reunião para discutir a expansão.
Sobre o atraso na implantação do sistema – o projeto-piloto recebeu só metade da verba prevista inicialmente e a conclusão estipulada para 2016 só deve ocorrer em 2018 – o general Maurmann disse que “anda na velocidade do que é possível”, tanto de recursos quanto de desenvolvimento. “Assimilar tecnologia não é tão rápido como comprar e ficar na dependência [dos estrangeiros]”.
O Sisfron foi desenvolvido pelo consórcio Tepro, formado por Savis Tecnologia e Sistemas S/A e OrbiSat Indústria e Aerolevantamento S/A, empresas controladas pela Embraer Defesa e Segurança.
Integração – No mês passado, o Campo Grande News mostrou que policiais estaduais e federais que atuam na região de fronteira criticam a ineficiência do Sisfron para a segurança pública, já que não existiria integração com o Exército. O ex-superintendente da Polícia Federal em MS, Edgar Paulo Marcon, chamou o Sisfron de “engodo”.
Para o general Maurman, no entanto, a integração com as forças de segurança ocorre principalmente na área de inteligência. “Temos dez pelotões especiais e esses dados são repassados para a Polícia Federal, Receita Federal e Polícia Militar. Já está funcionando”.
Segundo ele, antes não existiam esses pelotões especiais e o Exército atuava apenas através dos destacamentos, que tomavam conta do espaço físico.
“O Sisfron conta com recurso e efetivo de 44 militares dedicados a operações para levantamento de inteligência, interação com as comunidades, estabelecer postos de bloqueio e passar informações para que a gente opere ou os outros órgãos”, afirmou.
Sobre a comunicação via rádio, o oficial do Exército disse que o sistema que faz parte do Sisfron não é usado porque o governo de Mato Grosso do Sul decidiu adotar outro sistema, o “Tetra”, da Polícia Rodoviária Federal. “Mas não existe impedimento de integração. Não temos todas as antenas funcionando, mas elas permitem maior integração e isso independe do Sisfron”.
O novo Sistema de Radiocomunicação Digital, formado por 22 antenas já instaladas na região de fronteira, interligando 1.466 rádios portáteis, móveis e fixos da Secretaria de Segurança Pública, foi ativado no dia 11 de dezembro. Dos R$ 20,7 milhões previstos, R$ 13 milhões já foram aplicados pelo Estado.