ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, DOMINGO  24    CAMPO GRANDE 33º

Cidades

Falta de soro caseiro a antibióticos nas unidades de saúde da Capital

Prefeitura confirma falta de 313 tipos de remédios e promete regularizar situação na próxima semana

Carlos Martins e Luciana Brazil | 30/03/2013 13:54
No CRS do Guanandy, além de medicamentos faltaram pediatras na manhã deste sábado (Foto: João Garrigó)
No CRS do Guanandy, além de medicamentos faltaram pediatras na manhã deste sábado (Foto: João Garrigó)

Usuários do SUS (Sistema Único de Saúde) sofrem com a falta de alguns medicamentos na rede pública de Campo Grande. Além da crônica ausência de pediatras, a população não encontra, dependendo da unidade de saúde, de um simples para reidratação (essencial para enfrentar a epidemia de dengue) até anti-inflamatórios e antibióticos.

É o caso do anti-inflamatório Ibuprofeno, que, se está disponível na UPA da Vila Almeida (Unidade de Pronto Atendimento), região Oeste da Capital, já não é encontrado, por exemplo, no CRS Guanandy (Centro Regional de Saúde), na região sul. Na farmácia, a informação dada aos usuários era de que além deste medicamento, falta também o antibiótico Nitrofurantoína.

No CRS Guanandy (região Sul), os usuários se depararam nesta manhã com a ausência de pediatras na unidade. A dona de casa Joseane Maia, 32 anos, levou a filha de dois anos que teve convulsões e apresenta um estado febril. “Cheguei aqui e disseram que não há pediatra para atender. Vou para o posto no Universitário. Disseram que eu deveria ter ligado antes para saber se tinha médico”, disse Joseane, que estava acompanhada de um casal de amigos, padrinhos da criança.

Luiz Carlos Medina também perdeu seu tempo ao levar a filha de 12 anos até o CRS do Guanandy. “Minha filha teve dengue e eu vim trazer os resultados dos exames, mas não tem nenhum pediatra para atender”, reclamou.

Em declarações à imprensa, o secretário de Saúde, Ivandro Corrêa Fonseca, confirmou que faltam 313 medicamentos nas unidades básicas de saúde e nos centros regionais. Ele jogou a responsabilidade na administração anterior que teria cancelado a compra dos remédios no dia 20 de dezembro passado. Segundo informações do secretário, no dia 15 de março foi feito um pregão para a compra de medicamentos e já na próxima semana a situação começa a se normalizar.

O ex-prefeito Nelsinho Trad (PMDB) rebateu a afirmação do secretário e garantiu que no final de dezembro a prefeitura deixou medicamentos suficientes para serem distribuídos gratuitamente à população por dois meses, tempo suficiente para a atual gestão fazer as licitações necessárias para a aquisição dos remédios.

Luiz Medina levou exames da filha (de muletas) de 12 anos até o Guanandy, mas não havia pediatra (Foto: João Garrigó)
Luiz Medina levou exames da filha (de muletas) de 12 anos até o Guanandy, mas não havia pediatra (Foto: João Garrigó)

Reposição - A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde para confirmar se as compras foram feitas e se a reposição dos medicamentos nas unidades começa na próxima semana. A assessoria informou que entraria em contato com o secretário Ivandro Fonseca e, posteriormente, daria um retorno.

Em visita a unidades em outras regiões a reportagem do Campo Grande News conversou com usuários e ouviu reclamações. Na região Norte, na UPA da Coronel Antonino, está em falta o soro caseiro.

A dona de casa Jussara Ramos, 41 anos, disse que considera um absurdo a falta de medicamentos. “Os remédios mantêm a saúde, principalmente de quem precisa tomar os medicamentos de forma contínua. Quando faltam, é como se as pessoas perdessem qualidade de vida”, observou Jussara, que esteve na unidade para fazer uma consulta. Já no CRS da Nova Bahia, segundo a enfermeira-chefe de plantão, alguns medicamentos chegaram a faltar, mas já foram repostos.

O aposentado Luiz Moraes procurou o remédio Cilostazol na UPA Universitário e não encontrou (Foto: João Garrigó)
O aposentado Luiz Moraes procurou o remédio Cilostazol na UPA Universitário e não encontrou (Foto: João Garrigó)

Universitário – Já na UPA Universitário, região Leste, a servidora Viviane Torcheti, não quis dar informações sobre a falta de medicamentos na unidade. Ela disse para ao Campo Grande News para procurar a assessoria da Secretaria de Saúde. Mas usuários ouvidos reclamaram que vários medicamentos estão em falta.

Um deles é o Cilostazol, usado para a circulação, o qual o aposentado Luiz Fernando Moraes, 58 anos, precisa tomar pelo resto da vida. “Eu vim buscar o remédio e disseram que está em falta. Já faz um mês que procuro e não acho. Eu fiz uma cirurgia na perna por causa do rompimento de uma veia e preciso tomar o remédio. Da primeira vez encontrei no CEM [Centro de Especialidades Médicas] e isso já faz um mês. O remédio custa R$ 20, dinheiro que faz falta no meu orçamento, e o pior é que disseram que não há previsão de quando vai chegar”, disse o aposentado, que também precisa tomar outro remédio para a circulação, o Clopidogrel, que custa R$ 49 e não tem na rede SUS.

Nos siga no Google Notícias