Fiems cria grupo de trabalho para discutir alternativas ao reajuste da energia
Diante do cenário preocupante de aumento da tarifa da energia elétrica acima dos indicadores econômicos, a Fiems criou, na tarde desta terça-feira (10), no Edifício Casa da Indústria, em Campo Grande (MS), um grupo multidisciplinar de trabalho para acompanhar e discutir alternativas ao reajuste abusivo que está em curso em Mato Grosso do Sul.
A intenção da Federação é buscar todos os caminhos possíveis e legais para minimizar os efeitos ou até mesmo frear o tarifaço.
Segundo o presidente da Fiems, Sérgio Longen, o intuito é chegar a uma tarifa possível e nesta busca todos os caminhos serão considerados, desde o diálogo até a Justiça. “Queremos sentar à mesa e encontrar um formato que a tarifa seja possível de ser aceita. Hoje, os números que estão sendo divulgados a tornam impossível de ser absorvida pela indústria, até porque acreditamos que o Brasil tem indicadores econômicos e precisamos respeitar isso. Também acreditamos no judiciário quando há disparidade, como neste caso”, declarou, completando que uma nova reunião já está agendada para o próximo dia 20 de fevereiro na Casa da Indústria.
Levantamento do Radar Industrial da Fiems aponta que o aumento da conta de energia elétrica autorizado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para cobrir o custo maior das distribuidoras causará impacto de quase R$ 100 milhões para as indústrias de Mato Grosso do Sul.
Em 2014, conforme o estudo, a indústria estadual consumiu em torno de 700.000 MWh, gerando um gasto aproximado da ordem de R$ 236,5 milhões, o que corresponde a 1,6% do PIB (Produto Interno Bruto) Industrial de Mato Grosso do Sul, enquanto neste ano, mantendo o mesmo nível de consumo e considerando um aumento em torno de 40% no custo do MWh da energia, o gasto será de R$ 331,1 milhões, o que corresponderá a 2,2% do PIB Industrial do Estado, gerando um impacto de aproximadamente R$ 94,6 milhões.
Para a presidente do Concen (Conselho dos Consumidores da Enersul), Rosemeire Cecília da Costa, a reunião proporcionou a discussão sobre o cenário atual. “O cenário pelo qual passa as questões do fornecimento de energia é preocupante, especialmente, quando falamos da área de concessão da Energiza de Mato Grosso do Sul, que abastece 74 dos 79 municípios do Estado. As notícias que estão sendo divulgadas pelo Governo Federal apontam que a tarifa aqui em Mato Grosso do Sul vai ter um impacto de 40 a 50% até abril, então, isso é nefasto para o consumidor residencial e para o setor produtivo”, ressaltou.
Rosemeire da Costa completa que, por isso, a expectativa com a criação do grupo de trabalho é buscar indicadores para saber como a situação está de fato. “De posse desses dados, vamos pensar em ações que possam minimizar o impacto desse reajuste ou até mesmo freá-lo”, disse. Já o advogado Ary Raghiant Neto salientou a necessidade de avaliar os impactos econômicos e financeiros provenientes do reajuste. “Temos de estar atentos, acompanhando todo o processo e buscando, inclusive, se necessário, alternativas jurídicas para, em última análise, buscar respaldo no Poder Judiciário, para, se não conseguirmos impedir, ao menos frear a majoração no custo da energia, que é um produto essencial”, disse.