Haitianos denunciam trabalho escravo em obras da BR-163 em MS
Trabalhadores haitianos contratados para as obras de pavimentação da BR-163, no trecho entre Bandeirantes e São Gabriel do Oeste, denunciaram que estavam sofrendo exploração e trabalhando em condições precárias em audiência ao MPT(Ministério Público do Trabalho). A denúncia foi feita por oito dos 10 estrangeiros vítimas relatada na tarde desta terça-feira (8) na sede do órgão.
Segundo relatos dos trabalhadores ao procurador do trabalho, Cícero Rufino Pereira,ele prestavam serviço, desde o dia 8 de setembro, para a empresa Aparecida Farias Cançado-ME, contratada pela FBS Construção Civil e Pavimentação, mas foram dispensados sem pagamento dos salários e das verbas rescisórias por reclamarem das condições de trabalho. Ele informaram que a alimentação era precária e o ambiente insalubre. Os 10 trabalhadores dormiam em colchões pequenos, sem camas, divididos em três quartos com um único banheiro, alugados e não pagos pela dona da empreiteira.
Para o procurador Cícero Rufino, "a questão dos refugiados haitianos, no Brasil, e no estado de Mato Grosso do Sul, mais especificamente, está a exigir, como mostra a denúncia aqui tratada, uma atuação proativa de todas as entidades defensoras dos direitos humanos e da sociedade, pois o trabalho degradante a que o estrangeiro está submetido é uma afronta ao povo brasileiro".
Conforme o MPT, os haitianos, na maioria, foram contratados quando ainda estavam em Cuiabá, no estado de Mato Grosso, onde trabalharam na construção de obras da Copa, como o aeroporto de Várzea Grande. Após a conclusão das atividades realizadas lá, foram convidados para trabalhar em Mato Grosso do Sul, na obra da BR-163, com as promessas, não cumpridas, de salário de R$ 1.700, alimentação e alojamentos adequados. Quatro deles chegaram a pagar as próprias passagens de ônibus para chegar ao Estado, segundo informaram.
Após a audiência no MPT, os trabalhadores foram encaminhados para um hotel em Campo Grande, com apoio do Fórum de Trabalho Decente, onde permanecerão até o dia da audiência judicial, agendada na Vara do Trabalho Itinerante em Bandeirantes. O MPT vai instaurar inquérito civil para acompanhar o caso e tomar as providências legais cabíveis.